Conheça a agricultura regenerativa e saiba como monitorar práticas sustentáveis
1 de dezembro de 2021
Tempo de Leitura: 8 minutos
A agricultura regenerativa é uma abordagem holística da agricultura que incentiva a inovação contínua e a melhoria das medidas ambientais, sociais e econômicas.
Criada em 1980, nos Estados Unidos, a agricultura regenerativa envolve práticas de ESG — Enviromental (ambiental), Social (responsabilidade social) e Governance (governança).
O ESG tem sido adotado por empresas do agronegócio em todo o mundo. E tão importante quanto adotar essas práticas é atuar com parceiros comerciais sintonizados com o ESG.
Mas como saber se os parceiros aplicam tais práticas? É o que você saberá neste artigo, que mostra como reduzir os riscos socioambientais da sua empresa. Boa leitura!.
O que é agricultura regenerativa
O termo agricultura regenerativa foi criado por Robert Rodale, que, em 1980, nos EUA, já alertava o mundo sobre os riscos socioambientais da agricultura convencional.
Rodale dizia que era importante desenvolver práticas agrícolas que colaborassem com a maior conservação dos solos e dos recursos naturais.
Era a favor de alternativas ao uso de fertilizantes, adubos sintéticos e agrotóxicos na produção de alimentos, tendo em vista que tais produtos poderiam causar aos seres humanos e à natureza potenciais problemas de saúde e degradação.
Por isso, Rodale buscou o desenvolvimento de técnicas agrícolas sustentáveis que atualmente são chamadas de orgânico regenerativo.
Como funciona a agricultura regenerativa
Segundo Rodale, a agricultura regenerativa tem como prioridade a saúde do solo e a busca pelo bem-estar dos animais e pelas boas relações com os trabalhadores.
Cria-se ambientes que funcionem em harmonia com a natureza e melhorem a qualidade de vida de todos envolvidos, desde pessoas a animais, plantas e recursos naturais.
A proposta resulta em mais saúde e qualidade de vida para o consumidor final de alimentos comercializados na sociedade, uma das grandes preocupações de Rodale.
Agricultura regenerativa e práticas sustentáveis
A agricultura regenerativa engloba diferentes práticas sustentáveis e tem como principal objetivo a regeneração do solo para mitigação climática.
Ela engloba práticas semelhantes aos seguintes sistemas agrícolas:
- Agricultura orgânica: esse sistema não permite o uso de fertilizantes, adubos sintéticos ou agrotóxicos. Nele, a unidade de produção funciona como um organismo vivo que interage entre si.
- Agricultura biodinâmica: é baseada em princípios filosóficos e espirituais, com forte ligação às energias vitais envolvidas no processo de reprodução no campo.
- Agricultura biológica: tem como meta a busca pelo equilíbrio ambiental. Assim, a fertilidade do solo e o combate a pragas e doenças obedecem aos ciclos naturais.
- Agroecologia ou agrofloresta: tem como princípios a quase zero dependência de insumos externos e a conservação dos recursos naturais, por meio da reciclagem de energia e nutrientes. É composta de sistemas produtivos complexos e diversificados, com culturas anuais e perenes, bem como animais.
Desses sistemas, o que mais se aproxima da agricultura regenerativa é a agroecológica, pois esta faz com que o sistema produtivo seja alimentado por ele mesmo, de forma constante, seguindo ciclos naturais de cada cultura e com produção constante de alimentos.
3 exemplos de agricultura regenerativa no Brasil
Sintonizadas com a sustentabilidade ambiental, diversas empresas agrícolas já desenvolvem a agricultura regenerativa no Brasil. Confira algumas delas!
1. Nestlé
A Nestlé anunciou em setembro deste ano investimento 1,2 bilhão de francos suíços para estimular a agricultura regenerativa no Brasil nos próximos anos.
Um dos objetivos é atuar com parceiros do sistema alimentar (500 mil agricultores e 150 mil fornecedores) para promover práticas de agricultura regenerativa.
Também neste ano, a empresa divulgou o financiamento do plantio de 1.600 mudas de abacateiros na fazenda Guma Café, em Patos de Minas (MG), e planeja plantar 20 milhões de árvores até 2050.
2. Rizoma Agro
Uma das empresas que estão na linha de frente da produção agrícola regenerativa no Brasil é a Rizoma Agro, que não só produz grãos em larga escala como desenvolve tecnologias para esse tipo de sistema agrícola.
A empresa agrícola busca acelerar a conversão de terras agrícolas e construir uma rede de abastecimento eficiente, produtiva e positiva do planeta.
3. Pasto Vivo
O projeto Pasto Vivo está sendo desenvolvido no oeste de Mato Grosso e busca provar que é possível ter uma pecuária de larga escala sustentável.
Com investimento de R$ 5 milhões, o projeto é desenvolvido numa área de 1.200 hectares, e o objetivo é chegar a 23 mil hectares.
A ideia é obter carbono positivo por meio da criação de gado em sistema agroflorestal. Os responsáveis pelo projeto são a Luxor Group e a Meraki.
Agricultura regenerativa e Plano ABC
O mundo assistiu, recentemente, à COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que teve como principal avanço a finalização do livro de regras do Acordo de Paris.
O documento é um passo importante rumo à agricultura sustentável, pois estabelece normas para compra e venda de créditos de carbono, oriundos de práticas que sequestram da atmosfera os GEEs (gases de efeito estufa) — CO2 (gás carbônico) e CH4 (gás metano).
E neste quesito o Brasil tem um grande aliado do setor agropecuário: o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), que tem o Programa ABC, por meio do qual é possível obter financiamento público para projetos sustentáveis, como a agricultura regenerativa, com tecnologia e inovação.
Recentemente, foi lançado o ABC+, que tem entre seus objetivos o corte de emissão de 1,1 bilhão de toneladas de carbono até 2030 e a introdução de sistemas agrícolas sustentáveis, baseados em tecnologia e inovação, em 73 milhões de hectares em 9 anos.
No agronegócio, o alinhamento com a sustentabilidade deve ser algo cotidiano no ambiente corporativo das empresas, bem como de seus parceiros comerciais ou fornecedores.
Contudo, é preciso estar cada vez mais atento aos relacionamentos com terceiros, com monitoramento constante sobre suas atividades agrícolas sustentáveis.
Assim,o supervisionamento é essencial para reduzir os riscos de eventuais problemas, o que pode ser feito por meio das análises socioambientais da Agrotools. Acompanhe!
Como funciona a análise socioambiental
Por meio desta ferramenta (pixel), a Agrotools identifica o compliance socioambiental de um determinado território cadastrado.
É possível acessar informações sobre a propriedade, o produtor, identificar áreas desmatadas, unidades de conservação e terras indígenas, dentre outros indicadores de risco.
Feitas de forma individualizada, as consultas geram relatórios nos quais são cruzadas informações sobre o histórico da área rural ou do produtor, incluindo condutas e problemas judiciais.
A partir dessas informações, sua empresa pode tomar decisões importantes, como ampliar as parcerias ou repensar a continuidade delas.
Importante destacar que por meio da ferramenta da Agrotools é possível fazer consultas individuais, por meio das Functions, com baixo custo, o que favorece, por exemplo, a eficiência das pequenas empresas.
A Análise Socioambiental está disponível no AT Market, marketplace da Agrotools, com planos e números de consultas disponíveis por mês. O acesso é liberado à efetivação da compra do serviço.
Liberação de crédito rural
Uma importância legal da ferramenta é que ela pode ser utilizada por bancos e outras instituições financeiras para realizar análises no momento de conceder crédito rural.
Conforme o Manual de Crédito Rural, as instituições financeiras devem enviar ao BC (Banco Central do Brasil) as coordenadas geográficas do território para onde será destinado o crédito, com a finalidade de evitar garantias dobradas.
Mas com a ferramenta da Agrotools, isso pode ser evitado com o relatório detalhado que é informado a partir das coordenadas do território.
Recentemente, o BC colocou em consulta pública uma proposta sobre critérios de sustentabilidade nas operações de crédito rural.
Com isso, muito em breve só poderão acessar os créditos propriedades rurais que não possuam impeditivo legal relacionado ao tema.
Conclusão
A agricultura regenerativa, no contexto dos objetivos do planeta para a sustentabilidade ambiental, tem tudo para ser a grande tendência global na produção de alimentos.
Por isso, é muito importante estar atento a essas práticas criadas por Robert Rodale, cujo foco maior é a conservação do solo, para que seja possível a produção agrícola por longos anos.
Práticas semelhantes à agricultura regenerativa, citadas neste artigo, também são de igual relevância para o desenvolvimento de um agronegócio sustentável.
Relevante, de mesmo modo, é usar as ferramentas da análise socioambiental da Agrotools para reduzir riscos as atividades da sua empresa.
Assim, você terá mais segurança em investir ou fazer negócios com agricultores ou empresas agrícolas que buscam praticar a agricultura sustentável.
*autor: Mário Bittencourt Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão