Agricultura de precisão e geoprocessamento: qual a relação?
8 de fevereiro de 2024
Tempo de Leitura: 10 minutos
Na agricultura de precisão, o conhecimento do geoprocessamento é o que possibilita a coleta, o tratamento e a análise correta dos dados gerados pelas tecnologias
Em uma área de produção agrícola que utiliza as ferramentas da agricultura de precisão, ocorre a todo momento a geração de dados variados sobre a lavoura.
Tais dados podem ser utilizados para diversos fins: verificação da fertilidade do solo, identificação de falhas de plantio, monitoramento de pragas e doenças, irrigação, condições do clima, época de colheita e a geração de mapas de variabilidade espacial e temporal sobre esses e outros atributos da lavoura.
Os dados gerados pela agricultura de precisão têm a grande vantagem de aperfeiçoar o poder de decisão na gestão, baseada em informações precisas. Além disso, pode fornecer previsões de safra, essencial para quem compra produtos dos agricultores.
Mas para que eles sejam analisados de forma correta, é preciso saber como realizar a coleta e o tratamento dos mesmos, sendo isso possível por meio do geoprocessamento. Saiba mais neste artigo!
O que é sistema de agricultura de precisão?
A agricultura de precisão, também conhecida pela sigla AP, é um sistema de gerenciamento da propriedade rural que se utiliza de tecnologias para reduzir custos, aumentar a produtividade e promover a sustentabilidade econômica e ambiental.
Ao invés de considerar a área de produção agrícola de forma homogênea, a agricultura de precisão trabalha com as características da variabilidade espacial, referente aos diversos atributos de uma lavoura, como a fertilidade do solo e as áreas mais e menos produtivas.
Assim, a partir dos dados e informações geradas pela AP, é possível fazer um melhor gerenciamento do uso de insumos (corretivos de solo, adubos e fertilizantes, defensivos químicos), e, com isso, fazer um manejo de forma mais eficiente.
Apesar de parecer algo relativamente novo, a AP é praticada há quase 100 anos, conforme pesquisas acadêmicas, mas seu desenvolvimento ocorreu a partir da mecanização agrícola, do sistema de posicionamento global, o GPS, e dos softwares de aplicação agrícola, entre as décadas de 1950 e 1990, quando foi introduzida no Brasil.
Hoje em dia a agricultura de precisão é praticada com o auxílio de diversas tecnologias, como a computação em nuvem, sensoriamento remoto (drones, satélites, equipamentos manuais), big data, inteligência artificial e robótica, dentre outros.
Por conta da evolução, a agricultura de precisão hoje em dia é chamada também de agricultura 4.0, que representa a introdução de novas tecnologias. De acordo com a Embrapa, o Brasil atualmente está na fase de transição da agricultura 3.0 (início da agricultura de precisão) para a agricultura 4.0.
Como aplicar a agricultura de precisão?
As tecnologias de agricultura de precisão podem ser aplicadas em diversas etapas da produção, muitas vezes de forma integrada a softwares de gestão agrícola, possibilitando que os dados sejam analisados de forma ampla.
Por exemplo, a semeadura em espaçamentos pré-definidos ou determinada quantidade de adubos, de acordo com a necessidade do solo, em cada zona de fertilidade, ou ainda a aplicação de defensivos químicos em locais de maior infestação de determinada praga.
São muitos os benefícios que a AP oferece, mas um fator essencial para a sua utilização é o conhecimento sobre as ferramentas e as informações e dados que elas oferecem, bem como a sua finalidade dentro de uma fazenda ou agroindústria.
Uma das formas de aplicação da AP é no planejamento agrícola e o geomonitoramento remoto, com o acompanhamento constante das atividades, sejam elas produtivas, compra de insumos, gestão financeira e administrativa, de pessoas e equipamentos.
No geomonitoramento remoto, são utilizados dados geoespaciais para avaliar as condições de uma área específica, sendo as imagens de satélite as principais ferramentas para a execução desse trabalho, que confere mais segurança à viabilidade dos negócios.
Na Agrotools, o geomonitoramento remoto é utilizado para:
- antecipar dados climáticos de uma região, por meio do pixel para previsão do tempo para a safra;
- calcular o percentual de uso de solo de uma fazenda e previsão de produção;
- avaliação do comportamento produtivo de um território ao longo dos anos, essencial para analisar fatores de instabilidade ou períodos de queda de produtividade;
- emitir alertas sobre focos de incêndio nos territórios e verificar áreas de interesse, a partir dos dados do CAR, por exemplo.
Como funciona a agricultura de precisão?
A agricultura de precisão funciona a partir da interação entre maquinários e SIGs, que são sistemas de informação geográfica, utilizados para indicar o local mais aproximado possível onde um maquinário deve executar determinado comando.
Na interação entre maquinários e SIGs é possível obter com maior precisão informações e dados sobre uma área de produção, e assim fazer avaliações mais assertivas sobre o que pode ser feito para melhorar a safra seguinte.
É importante salientar que essa interação entre maquinários e SIGs não se dá de forma automática, necessitando que um ser humano forneça os comandos necessários, a exemplo das coordenadas geográficas, para que o trabalho seja realizado da forma correta.
No campo, um dos conhecimentos mais importantes para o funcionamento da AP é sobre sistemas de projeção cartográfica, a exemplo do UTM, muito utilizado nos mapeamentos de georreferenciamento.
Outro conhecimento importante é sobre sistemas de referência geodésica, como o WGS84 (utilizado no sistema operacional do GPS) e o SIRGAS2000, criado pelo IBGE e utilizado no Brasil e nas Américas.
Saber calibrar uma máquina também é de grande importância para o seu funcionamento durante a colheita, e a forma como isso deve ser realizado depende do tipo de equipamento.
Basicamente, é preciso transformar o número gerado pelo sensor de fluxo em um valor equivalente ao real medido por uma balança. E a calibração deve ser feita todo ano e sempre que mudar de cultura.
Relação entre geoprocessamento e agricultura de precisão
Os maquinários e equipamentos de agricultura de precisão fornecem dados variados que precisam ser coletados e tratados para serem transformados em informações úteis para a correta tomada de decisão. E isso ocorre por meio de técnicas de geoprocessamento.
O geoprocessamento envolve a coleta e tratamentos dos dados da AP com o uso das geotecnologias, utilizadas no processamento e armazenamento das informações geoespaciais por meio dos SIGs, do GNSS (Sistema de Navegação Global por Satélite), do SPI (Sistema de Processamento de Imagens), do PDI (Processamento Digital de Imagens) e de técnicas de geoestatística.
O que é geoprocessamento na agricultura?
Na agricultura, o geoprocessamento diz respeito à utilização das geotecnologias para o melhor entendimento sobre a lavoura. Ela envolve também a manipulação e apresentação de informações geoespaciais voltadas para determinada finalidade.
As geotecnologias da atualidade, como sensores embarcados em satélites e drones, ou ainda em maquinários agrícolas para o monitoramento da colheita, permitem que sejam construídos mapas temáticos sobre a variabilidade espacial e temporal de uma lavoura.
Os mapas de variabilidade podem fornecer informações sobre um ou mais atributos de uma área de produção.
Com imagens de satélite, disponibilizadas de forma gratuita no site do Programa Copernicus, da Agência Espacial Europeia, por exemplo, é possível calcular índices de vegetação variados, utilizados para diversas finalidades, desde a identificação do ciclo de uma cultura, até o seu conteúdo de Nitrogênio ou umidade do solo.
No caso das imagens de satélite, elas não são disponibilizadas já prontas para análise das culturas, exigindo, assim que sejam geoprocessadas, como em softwares livres, a exemplo do QGIS e GVSIG ou do R e Python, linguagens de programação utilizadas para esta finalidade.
O geoprocessamento na agricultura pode ser feito ainda por meio da coleta de arquivos de um monitor de máquina de colheita, que registra qual quantidade de grãos foi colhida em cada parte de um talhão.
Os dados desses arquivos podem ser baixados ou transmitidos para computadores, onde serão processados e analisados, podendo gerar mapas da variabilidade da produção e assim verificar quais são as áreas mais e menos produtivas.
Aliado a isso, é possível gerar mapas de fertilidade do solo e, por meio de técnicas geoestatísticas, utilizando softwares como o GS+ (pago) ou o QGIS (no plugin Smart-Map), e gerar zonas de manejo que auxiliam na melhor avaliação sobre a lavoura.
Quais são os desafios desse tema no mercado do agronegócio?
Os desafios do avanço da agricultura de precisão no mercado do agronegócio vêm sendo superados com o passar do tempo, conforme mostram pesquisas recentes da Embrapa e da McKinsey & Company.
Dentre os principais desafios, estão a conectividade, que tem avançado, com a chegada de tecnologias, como o 5G, e uso de aplicativos móveis, os quais têm proporcionado uma comunicação mais eficiente e ágil.
Plataforma de marketplace, como da Agrotools, têm sido utilizadas cada vez mais por agricultores do Brasil, por oferecer serviços a valores acessíveis e que são muito úteis para a cadeia do agronegócio, sobretudo para quem atua nas agroindústrias ou em empresas que possuem os agricultores como fornecedores de produtos.
Tecnologia aliada da agricultura
O marketplace de tecnologia para o agronegócio da Agrotools é uma das mais completas do mercado, tendo como foco as seguradoras, bancos e cooperativas de crédito, fintechs e bancos digitais, além de tradings.
Dentre as ferramentas disponíveis, estão as Functions, um micro serviço que executa uma atividade específica e pode ser conectada e executada por diferentes sistemas, proporcionando uma integração simples e segura, com economia e otimização.
Por meio das Functions (ou APIs, conjunto de padrões que fazem parte de uma interface) é possível adquirir um serviço, sem a necessidade de assinatura mensal ou anual.
As APIs mais procuradas são as de estimativa de penalização da produtividade, classificação da aptidão agrícola, embargos ambientais e consulta ao CAR.
No marketplace da Agrotools, algumas informações já vêm prontas para serem analisadas, sem necessidade do geoprocessamento, que é feito por nossos especialistas.
Assim, você encontra produtos confiáveis que dão mais agilidade ao seu trabalho de geomonitoramento remoto, com ganho de tempo e eficiência.
Conclusão
A agricultura de precisão e o geoprocessamento caminham lado a lado, sendo essenciais para que o agronegócio prospere de forma sustentável tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.
Essencial na utilização das tecnologias de agricultura de precisão, ou agricultura 4.0, é saber para qual finalidade ela serve e entender quais são as necessidades da sua propriedade rural ou agroindústria.
Na Agrotools, as seguradoras, bancos e cooperativas de crédito, fintechs e bancos digitais, bem como as tradings, encontram informações e dados gerados por ferramentas de AP já prontos para serem analisados, o que confere maior segurança aos negócios.