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Dia do Cerrado: os desafios para o futuro do bioma que possibilitou a revolução do agro brasileiro

Campo Cerrado com vegetação ao longo do horizonte, alguns animais no pasto e uma árvore ao centro

Dia do Cerrado: os desafios para o futuro do bioma que possibilitou a revolução do agro brasileiro

8 de setembro de 2023

Tempo de Leitura: 6 minutos

Comemorado em 11 de setembro, o Dia do Cerrado é um marco importante para o agronegócio brasileiro. Principalmente porque, mesmo com todas as dificuldades que suas características de solo apresentam, o Cerrado se transformou em um grande produtor de alimentos no Brasil.

Ao mesmo tempo, esse processo também traz desafios importantes para o futuro. Além da conhecida baixa fertilidade do solo, a expansão da agricultura no local gera problemas como o desmatamento e a alteração do equilíbrio ecológico, principalmente quando não é realizada de forma sustentável.

A seguir, veja como o Cerrado ajudou o Brasil a se tornar líder na produção mundial de alimentos e entenda como isso pode ser um desafio para o futuro da região!

“Conquista” do Cerrado na segunda metade do século XX

O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, com mais de 200 milhões de hectares. Porém, até meados do século XX, a região era pouco utilizada para a agricultura. A sua atividade econômica era baseada na criação de gado e na extração de madeira, além da produção de carvão vegetal.

Isso é explicado porque, como o Cerrado é considerado uma região de savana, o seu solo não é tão fértil naturalmente como em outras regiões do Brasil. Porém, nos anos 70 e 80, o local começou a ter uma participação importante na produção agrícola brasileira, como provam os números de um levantamento do MapBiomas.

Entre 1985 e 2020, a agricultura avançou 464% no Cerrado. Esse fenômeno pode ser explicado, principalmente, pelas políticas públicas direcionadas para o desenvolvimento da área e a criação de técnicas voltadas para corrigir a falta de fertilidade do solo.

Dessa forma, o Brasil ganhou uma nova área, que antes era praticamente inexplorada, para expandir a sua produção de alimentos. Um exemplo é a soja, em que metade da sua produção está no Cerrado. No bioma, esse tipo de produção avançou para 16,8 milhões de hectares.

Protagonista no agronegócio brasileiro

Os números comprovam a evolução agrícola do Cerrado e o seu aumento no protagonismo do agronegócio brasileiro. Entre 1985 e 2021, as atividades agrícolas passaram de 4 milhões de hectares para quase 25 milhões de hectares, de acordo com números do MapBiomas. Isso significa um aumento de 508% na área.

O grande destaque é a produção de soja. Nesse mesmo período, a sua produção cresceu 1443% no Cerrado, saltando para quase 20 milhões de hectares. Ou seja, praticamente 80% da produção agrícola no bioma é de soja. Esse número de área plantada equivale a 10% da área total do bioma.

Na mesma pesquisa, outra estatística que chama atenção é a conversão de área nativa para sojicultura. Entre 2020 e 2021, o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) foi responsável por 80% dessa conversão.

Vale destacar que o Brasil é o maior produtor de soja do mundo, com 163 milhões de toneladas por ano. Somente o Mato Grosso é responsável por 26%, o que faz com o estado, sozinho, seja o quarto maior produtor de soja do mundo, atrás somente de Estados Unidos, Argentina e do próprio Brasil.

Desmatamento em alta no Cerrado

Ao mesmo tempo em que o Cerrado ganhou importância no agronegócio nas últimas décadas, isso também gerou uma consequência negativa: os recordes de desmatamento. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o crescimento foi de 16,5% entre agosto de 2022 e julho de 2023. Desde 2017, é o número mais expressivo.

Os números consolidados de 2022, por exemplo, mostram que houve um crescimento de 25% na perda de vegetação nativa. Os quase 11 mil km ² desmatados chegam próximos da Amazônia no período, com a diferença de que ela tem um território duas vezes maior.

Em julho de 2023, cientistas brasileiros publicaram um artigo na revista Nature Sustainability sobre o crescimento no desmatamento do Cerrado e destacando a importância da sua preservação. Para além da vegetação em si, a região tem umas das biodiversidades mais ricas do planeta, com milhares de espécies locais.

Ou seja, quando há esse desequilíbrio, existe um risco grande de que espécies sejam prejudicadas ou até mesmo, em último caso, que desapareçam. Em paralelo, a perda de vegetação contribui para a ocorrência de eventos climáticos e também compromete a produtividade dos cultivos no local.

Cerrado não tem a mesma proteção oficial da Amazônia

Apesar de assumir um protagonismo na produção de alimentos no Brasil, o Cerrado não recebe a mesma atenção de outros biomas — como a Amazônia — quando o assunto são políticas públicas para a proteção do seu território.

Na Amazônia, uma série de acordos e protocolos foram criados para preservar sua área nativa e promover a produção sustentável. Podemos destacar a Moratória da Soja, Protocolo da Pecuária e o Fundo da Amazônia, entre outras iniciativas voltadas para este fim.

Atualmente, existe um movimento parecido no Cerrado, o Manifesto do Cerrado, liderado pelo WWF. É um primeiro passo, mas será necessário um esforço maior para conter o desmatamento e degradação desse bioma.

Caminhos para o futuro do Cerrado

Sem dúvida, a tecnologia será uma ferramenta fundamental para a preservação e sustentabilidade do Cerrado. A perda de vegetação nativa, entre outros fatores, contribui para o acentuamento das mudanças climáticas na região, que podem comprometer a viabilidade da produção. Ou seja, o desmatamento tem relação direta com quebras de safras.

Além dos próprios produtores rurais, as empresas que se relacionam diretamente com o agronegócio precisam garantir a sustentabilidade da sua cadeia de produção. A imagem de uma companhia pode ficar manchada se seus fornecedores não estão inseridos na agenda ESG.

Essa não é uma tarefa fácil, mas há mecanismos para minimizar os riscos socioambientais na sua cadeia de fornecedores. Com 16 anos de mercado, a Agrotools desenvolveu o Safe, uma solução 100% digital voltada para monitorar a sua cadeia produtiva.

Dessa forma, as empresas que atuam com fornecedores do Cerrado ficam em linha com as melhores práticas internacionais. Isso não somente contribui para a sustentabilidade do bioma, mas garante que a sua companhia afaste as perdas financeiras e reputacionais.

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