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Como estratégias ESG alavancam marcas e negócios

Como estratégias ESG alavancam marcas e negócios

30 de setembro de 2021

Tempo de Leitura: 11 minutos

Transformar práticas ambientais, sociais e de governança em vantagem competitiva se tornou um dos maiores desafios das empresas. Mas com tecnologia e estratégias ESG, isso já está acontecendo.

US$ 35,3 trilhões. Esse é o total dos ativos sob gestão alocados em  estratégias ESG em nível mundial. Em dois anos, o montante aumentou  15% e já corresponde a 36% dos ativos geridos profissionalmente. O  dado é da Global Sustainable Investment Alliance , no relatório de 2020,  que inclui pesquisas de mercado na Europa, nos Estados Unidos, no  Canadá e na Austrália.  

Como entrar para o portfólio de empresas que abocanham a robusta  fatia? Como transformar estratégias ESG em ativo, seja para  investidores, seja para os consumidores e a própria marca – quando  traduzidas em valor e reputação?  

O caminho é justamente estratégia. Neste artigo, vamos elencar as  principais rotas apontadas por especialistas. E cases de sucesso que  comprovam a direção certa. A engrenagem principal? Tecnologia.  

Conceito de ESG  

A sigla Environmental, Social and Governance (ambiental, social e  governança) se tornou, nos últimos dois anos, vocabulário obrigatório  para negócios de sucesso. A consolidação do termo no dia a dia de  executivos foi impulsionada pelas grandes transformações e  acelerações que a pandemia causou no espectro de mudanças que já  estavam em andamento – ou que deveriam estar.  

Desigualdade social, mudanças climáticas, poluição, escassez de  matérias-primas, e um novo perfil de consumo na esteira desses  grandes problemas mundiais já vinham soando como alertas aos

investidores. Agora, se tornaram bússola. Grandes fundos passaram a  balizar os investimentos pelas práticas de ESG, e alocar os recursos em  empresas e projetos que entreguem mais do que lucro: impacto  positivo.  

O direcional do mercado financeiro deixou de priorizar apenas  valuation, custos dos ativos, e a tríade risco, retorno e liquidez. E  considera – em muitos casos, de forma prioritária – os critérios ESG na  hora da canetada.  

O preço do lucro  

Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) vai  gerar, até 2030, US$ 12 trilhões em receitas e economia de recursosa empresas do setor privado, em quatro grandes sistemas econômicos  que representam 60% da economia global:  

1. Alimento e Agricultura  

2. Cidades  

3. Energia e materiais  

4. Saúde e bem-estar  

As projeções são de um estudo amplo e aprofundado desenvolvido pela  Business & Sustainable Development Commission.  

Mas para capturar esse montante, a comissão destaca que os negócios  devem perseguir a sustentabilidade social e ambiental de forma tão  ávida quanto perseguem participação de mercado e valor para os  acionistas.  

Para além de resultados financeiros, o relatório aponta que cumprir os  objetivos globais é a oportunidade que marcas e empresas têm para  construir um mundo mais seguro e próspero, com um futuro mais  previsível para os investimentos e a inovação. “Há a chance de  reconstruir a confiança entre negócios e a sociedade como um todo”,  conclui o estudo.

A sociedade está cobrando o preço dos lucros das empresas. Os  consumidores passaram a considerar o impacto gerado por um  produto ou serviço até chegar às suas mãos. E mais, o impacto  que vai gerar depois do uso. E em todas as esferas, exigindo uma  responsabilidade socioambiental cada vez mais consistente.  

Atender a esse olhar de forma satisfatória passa por uma  redefinição de propósito, em que o negócio cria uma economia que  também entrega valor para o mundo.  

Por isso, o mercado está cada vez mais afiado para identificar quando  as ações não passam de greenwashing, a lavagem verde que carrega o  viés sustentável apenas no discurso. E que penaliza fortemente o  negócio.  

O que as pessoas – de consumidores a investidores – querem é ver a  mudança na prática. Claro que as empresas também o querem, ao já  estarem cientes desse contexto. E para além disso, ao entenderem que é possível implementar práticas ESG e transformá-las em a vantagem  competitiva.  

Práticas ESG e o nível da estratégia  

No estudo “Yes, Sustainability Can Be a Strategy”, publicado pela Harvard Business Review (HBR), Ioannis  Ioannou e George Serafeim concluíram que práticas de  sustentabilidade estão se tornando comuns e, portanto, não sendo mais  um “diferenciador estratégico”, mas sim, uma “necessidade  estratégica”.  

A análise se baseou em 3.802 empresas e verificou que a maioria delas  converge nas ações alinhadas às práticas ESG. Onde há, então, a  diferenciação do negócio ao adotá-las? 

Os pesquisadores estabeleceram como “práticas comuns” aquelas  consideradas necessárias ou já conhecidas como “melhores práticas”.  São dinâmicas já adotadas por inúmeros players e, segundo os autores,  não estão associadas ao retorno do capital, somente a múltiplos de  valuation (avaliação de mercado).  

Já as ações que não são convergentes em um setor ou indústria, os  autores classificaram como “práticas estratégicas”. Essas, sim, além de  impactar em valuation, garantem retorno de capital.  

Nova call to action

Estratégias ESG como vantagem competitiva 

“Os dados sugerem que algumas empresas estão criando uma  vantagem estratégica real ao adotarem medidas de sustentabilidade  que os seus concorrentes não conseguem facilmente igualar”, destaca  o estudo da HBR.

Mas se muitas práticas ESG já se tornaram “commodities”, como  conquistar diferenciação? Com granularidade e credibilidade. 

Só com uma abordagem detalhada e transparente, e, ao mesmo tempo,  holística, validada em todas as fases, processos e esferas de um  negócio, é que se alcança o diferencial. E atender a esses requisitos é  o que define uma estratégia ambiental, social e de governança. 

Alguns exemplos de estratégias ESG tangíveis na operação das  empresas: 

• Desenvolver projetos de preservação e conservação relacionados  aos recursos naturais ou matérias-primas que impactam diretamente  a produção; 

• Alcançar a máxima eficiência da cadeia de suprimentos;  • Otimizar recursos ao mapear falhas e desperdícios em qualquer fase  ou área; 

• Garantir a diversidade no quadro de colaboradores, de todos os tipos,  em todos os níveis hierárquicos; 

• Reduzir o turnover com políticas agregadoras, de valorização e de  qualificação dos funcionários; 

• Proteger os dados dos stakeholders e garantir o alinhamento com a  LGPD; 

• Aprimorar a infraestrutura e a qualidade de vida nas regiões de  atuação. 

Há poucos dias, a PitchBook, empresa que fornece dados e softwares  para o mercado de capital privado, divulgou a pesquisa Sustainable  Investment 2021, um panorama global sobre investimentos  sustentáveis. O estudo ouviu mais de 400 investidores e consultores de  todos os continentes. 

Os números comprovam a presença cada vez mais robusta da pauta  sustentável na gestão de fundos e carteiras: 64% dos entrevistados que  atuam com capital de risco implementaram práticas sustentáveis nos  fundos que administram. Outro dado que chama a atenção é, justamente, a estratégia como  parte essencial do processo de tomada de decisão. 

Ou seja, a estratégia desenvolvida pela empresa é considerada a  tarefa mais importante para os investidores, seguida da mensuração do  sucesso das iniciativas sustentáveis. Dois processos que dependem,  invariavelmente, de tecnologia de ponta: no primeiro, para possibilitar a  materialização de ideais e objetivos; no segundo, para metrificá-los e  validá-los. 

5 passos para estratégias ESG em supply chain

A cadeia de suprimentos consiste em um dos alvos centrais para o  cumprimento de critérios ESG. E o que vai garantir o sucesso é, em  termos simples, a transparência alcançada com soluções  tecnológicas.

Um estudo publicado pela Harvard Business Review (What Supply  Chain Transparency Really Means) destaca os passos gerais para  implementar estratégias ESG na cadeia de suprimentos. E coloca a  tecnologia como viabilizadora de todas as etapas, para obter “soluções  que captem, traduzam e divulguem dados úteis, bem como apoiar a  tomada de decisões adequadas”. Conheça os 5 passos: 

1. Medir os riscos e estabelecer objetivos: o primeiro passo é olhar  a fundo para os riscos e os objetivos que irão guiar a estratégia,  Isso envolve não só aspectos da companhia, mas também de  fornecedores. Exige análise dos interesses internos e externos dos  stakeholders, a chamada “avaliação da materialidade”. 

2. Visualizar a cadeia de abastecimento: ter uma compreensão  mais profunda dos fluxos de mercadorias, fazer o mapeamento de  fornecedores e processos, e identificar lacunas de informação. 

3. Recolher informação acionável: estabelecer um escrutínio de  práticas e desempenho, a fim de pontuar riscos e oportunidades de  melhorias, internas e externas. Um exemplo que os autores trazem  são os códigos de conduta. A empresa deve recolher as  informações sobre o cumprimento das políticas internas também de  seus fornecedores, para verificar a conformidade com as suas  dinâmicas. 

4. Envolvimento: com informação em mãos, a empresa agora decide  como vai se envolver na cadeia de fornecimento, com KPI’s que  respondam a questões específicas, como riscos laborais e  impactos ambientais na infraestrutura dos fornecedores, e apoio  para aprimoramentos. Os autores trazem o case da Starbucks, que  fez uma parceria com a Conservation International para criar um  programa de fornecimento ético do café. Foi estabelecido um  código de conduta em toda a cadeia, do agricultor ao balcão.  

5. Divulgação: nessa última etapa, fica a cargo da empresa entender  o tamanho e a profundidade que quer dar para o conhecimento  público de suas práticas ESG. Sempre sob a premissa de que tudo  o que é divulgado precisa ser comprovado. 

Práticas ESG na prática 

Um dos cases de maior sucesso no Brasil é protagonizado pela FS  Bioenergia, maior produtora de etanol do Brasil e a primeira do país a  produzir de etanol, nutrição animal e bioenergia 100% a partir do milho. 

O desafio: implementar o rastreamento e a validação de práticas  ESG em uma operação que envolve 1,5 milhão de hectares, em 348  municípios, de 19 estados, e cerca de 1,6 mil fornecedores e clientes. A  solução: tecnologia. Que culminou, inclusive, em dos avanços mais  recentes da FS, a primeira usina com pegada de carbono negativa do  Brasil

Para garantir a conformidade socioambiental da produção de milho e  biomassa, e da venda de produtos de nutrição animal, a FS adotou  soluções tecnológicas da Agrotools. “A Agrotools é âncora em diversas  dessas iniciativas, incluindo a Certificação da Califórnia, emissão de  greenbonds e participação em financiamentos atrelados às metas de  sustentabilidade”, destaca o CEO da FS, Rafael Abud. 

Uma das tecnologias da Agrotools utilizadas pela FS é a SAFE, que faz  o controle preciso dos dados e garante a eficiência da cadeia produtiva.  A ferramenta monitora o cumprimento das obrigações legais pelos  parceiros em toda a cadeia de suprimentos. E permite a validação dos  fornecedores, desde o cadastro até o georreferenciamento do  território.

“Preparamos o aparato de Política, Procedimentos e Tecnologia para a  FS, incluindo a originação de milho e de biomassa, e a venda de DDGs (grãos secos) para nutrição animal, com foco na diferenciação dos seus  produtos e visando o reconhecimento e benefícios no âmbito dos  greenbonds”, conta Sergio Rocha, CEO da Agrotools. 

“A FS está no cerrado, em São Lucas do Rio Verde (MT), com  transposição para o bioma amazônico, um ambiente vulnerável. Mas  provamos que, com os investimentos certos e o uso da tecnologia,  é possível encontrar um modelo de negócio que esteja alinhado à  menor pegada de carbono”, ressalta Abud. 

Os resultados já chegaram. Com o alinhamento aos critérios ESG, a  FS fez incursões no mercado de capitais e fechou uma transação  bilateral com um banco, com taxas regressivas de juros. “Ficou claro o  alinhamento com as instituições financeiras e o reconhecimento pelo o  que está sendo feito”, comemora o CEO. 


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