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Conheça o potencial do agro para além da produção de alimentos

Conheça o potencial do agro para além da produção de alimentos

Conheça o potencial do agro para além da produção de alimentos

11 de fevereiro de 2022

Tempo de Leitura: 15 minutos

Em 2021, o agronegócio brasileiro fechou com saldo positivo de US$ 105,1 bilhões, alta de 19,8% em relação a 2020, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Isso ocorre por conta do destaque do Brasil na agricultura digital e produção de diversas commodities, principalmente soja, milho, açúcar, carnes, produtos florestais, laranja, fumo e café. Mas o potencial do agro vai muito além da produção de alimentos: uma dimensão que sempre esteve presente em nosso cotidiano, seja em casa, no trabalho, na rua ou em diversas outras atividades. E nem sempre nos damos conta.

E por conta dessa presença, é importante que você e sua empresa saibam, de forma transparente, qual a origem dos produtos que consome e quem os fornece, o que pode ser feito por meio de uma análise socioambiental.

Afinal, é preciso ter segurança nos negócios, de modo que a sustentabilidade ambiental e a qualidade do produto caminhem juntas em toda a cadeia produtiva. Boa leitura!

O potencial do agro brasileiro 

O setor produtivo brasileiro e mundial é composto por diversas atividades que fazem movimentar a economia e promovem o desenvolvimento do país.

Dentre essas atividades, o agronegócio tem sido nos últimos anos a principal do Brasil, o que deve se manter em 2022, por conta de diversos fatores, dentre os quais destacam-se:

  • participação de 28% no PIB (produto interno bruto) geral do país;
  • geração de 9 milhões de empregos diretos com carteira assinada;
  • grande participação nas exportações: de cada US$ 10 exportados pelo Brasil, US$ 4 é do agro;
  • geração de renda: o agro possui VPB (Valor Bruto da Produção), que corresponde ao faturamento bruto das propriedades rurais, de R$ 1,2 trilhão.

Esses dados, apesar de robustos, mostram apenas o que o setor gera de forma direta, pois, sendo o agro também gerador de matéria prima para várias atividades, colabora muito mais com o desenvolvimento da economia brasileira. 

Para além da produção de alimentos (sua principal atividade), o agro é um gerador de biocombustíveis, de matéria prima para o setor de vestuário e de higiene, além de possuir grande influência no mercado financeiro.

Produção de biocombustíveis no agronegócio

A produção de biocombustíveis no Brasil é uma das mais importantes, não só pelo seu potencial produtivo, mas pelo viés da sustentabilidade, já que substitui parcial ou totalmente os combustíveis fósseis e auxilia na redução dos GEEs (gases de efeito estufa), uma vez que se trata de uma fonte renovável de energia.

Os dois principais biocombustíveis líquidos produzidos no Brasil são o etanol, obtido da cana-de-açúcar e até do milho, e o biodiesel, derivado de óleos vegetais (como a soja) e gordura animal.

No caso do biodiesel, ele é adicionado ao diesel em proporções variáveis, e utilizado em veículos e maquinários diversos, o que reduz as emissões de GEEs. Hoje, no Brasil, ao menos 20% do consumo de transportes é oriunda de combustíveis renováveis.

A tendência é que essa porcentagem seja ampliada ano após ano com o RenovaBio, política brasileira de Estado voltada para reconhecer, estimular e fomentar o papel dos biocombustíveis na matriz energética nacional.

O mercado de biocombustíveis do Brasil possui 361 usinas sucroenergéticas – que geram energia renovável.

Somente em 2020 foram processadas mais de 660 milhões de toneladas de cana e produzidos 34 bilhões de litros de etanol, o que faz do Brasil o maior do mundo nesse setor.    

Além do etanol oriundo da cana, tem ainda o etanol de milho, que teve produção de 2,4 bilhões de litros em 2020. 

O agronegócio brasileiro mostra, assim, que pode ser um grande aliado no combate ao efeito estufa, a partir da geração de energias renováveis, algo que tem crescido cada vez mais no cotidiano das pessoas e das empresas.

Potencial do agro no setor de vestuário

A produção brasileira de couro e algodão está presente de várias formas no nosso cotidiano, a exemplo do vestuário, calçados, mobiliário, setor automobilístico,  tapeçaria e muitos outros.

O couro brasileiro de origem bovina é uma das peças mais valiosas que existem por conta da sua durabilidade e versatilidade para confecção de diversos produtos: sapatos, bolsas, casacos, chapéus, luvas, calças, saias, blusas e mantas, dentre outros. Mas a pecuária oferece muitos outros produtos que vão além do couro, como ainda veremos neste conteúdo. 

Já o setor de algodão em pluma, que tem se destacado como um dos melhores do mundo em termos de qualidade, chegou a 2,71 milhões de toneladas em 2021.

algodão brasileiro abastece não apenas o setor têxtil local, como também o internacional, sobretudo os países da Ásia, o que tem feito o país ficar entre os cinco maiores produtores mundiais.

Couro bovino

O couro é uma das peças mais valiosas decorrentes da produção pecuária bovina, principalmente por conta da sua durabilidade e versatilidade para confecção de diversos produtos: sapatos, bolsas, casacos, chapéus, luvas, calças, saias, blusas e mantas, dentre outros.

Já da pele do boi extrai-se também o colágeno. Essa é uma substância amplamente utilizada na indústria de cosméticos (cremes e esmaltes). Há ainda a produção de uma gelatina, usada na fabricação de medicamentos, filmes radiológicos e chicletes.

Este é também um dos grandes geradores de renda do setor pecuário: em 2021, por exemplo, o setor movimentou US$ 1,41 bilhão exportando 172,3 milhões de m2 de couros e peles.

Ainda falaremos mais adiante sobre outros materiais que originamos do gado. Acompanhe!

A produção florestal e os hábitos de higiene 

Nos últimos anos, a produção florestal brasileira, com ênfase na de eucalipto para fabricação de celulose, tem ganhado novo impulso com novos produtos de higiene que têm sido mais usados não só por brasileiros, mas por estrangeiros, a exemplo dos chineses

Por aqui, nos últimos anos, surgiram, por exemplo, fraldas descartáveis e absorventes femininos com maior poder de absorção, papéis higiênicos de folha dupla ou tripla, lenços umedecidos, guardanapos dos mais variados tipos. 

Tais produtos têm como matéria prima principal a celulose e estão muito presentes no cotidiano das pessoas e das empresas.

O setor oferece mais de 5.000 produtos diferentes, e tem entrado até no setor têxtil, com a viscose, tecido produzido a partir da celulose solúvel.

Além disso, a produção florestal de madeira sustentável passou a ser mais valorizada, com móveis diversos para ambientes residenciais e de trabalho, além de pequenos objetos – a madeira está sendo utilizada para fazer até óculos estilizados.

Tem mais. O eucalipto também pode entrar na cadeia de biocombustíveis, sendo usado nas caldeiras para produção do etanol de milho, como fonte renovável e alternativa ao gás (que emite CO2 para atmosfera e não é renovável).

E o papel da produção pecuária? Fornece apenas carne e leite?

Ao longo da última década, a pecuária bovina brasileira alcançou sua posição de protagonismo no mercado mundial. Mesmo em um cenário econômico conturbado, nossos produtores conquistaram novos mercados, além de avançarem em regiões já consolidadas.

Mas engana-se quem pensa que a pecuária bovina vive apenas de carne, leite e seus derivados destinados à alimentação, basta relembrar uma frase muito dita neste meio: 

“Do boi se aproveita tudo, até mesmo o berro!”. 

Isso pode até soar estranho, mas é a mais pura verdade! Desde sempre, a pecuária fornece muito mais do que apenas carne e leite, contribuindo com o potencial do agro em muitos outros setores.

Segundo a Embrapa, aproximadamente 49 segmentos industriais, nas suas diferentes variações, dependem de subprodutos bovinos. Mas se englobamos todos os elos da pecuária (ovinos e suínos, por exemplo) a quantidade de segmentos cresce ainda mais.

Confira a seguir os principais usos da pecuária bovina que vão muito além de carne e leite.

Principais produtos derivados da produção de bovinos

Como vimos, há algumas dezenas de segmentos que dependem dos produtos de origem bovina, assim classificados:

Fonte da imagem: https://revistaoeste.com/revista/edicao-26/a-pecuaria-da-uma-aula-contra-o-desperdicio/

Cabeça bovina – A carne da cabeça é utilizada para a produção de embutidos. O miolo é ingrediente da culinária exótica. Já das glândulas extraem-se hormônios para medicamentos. Os ossos da cabeça são utilizados para a fabricação de ração para pet e adubo.

Cascos e os chifres bovino – Das patas dos bovinos extrai-se mocotó comestível e óleo de mocotó para lubrificantes aeronáuticos. Das canelas é obtida gelatina para sorvetes, filmes de raio X, líquidos para extintores e resíduos para fertilizantes. Também é utilizado para fabricação de pentes e botões.

Fezes de bovinos – As fezes dos bovinos são utilizadas como adubo orgânico, adubos formulados, além de ser a matéria-prima na produção de biogás.

Ossos – Fonte de cálcio e fósforo, os ossos são usados na produção de farinhas destinadas à alimentação de outras categorias animais (pets, por exemplo). Quando calcinados, são usados na fabricação de porcelana, cerâmica, refinação de prata e fusão do cobre. 

Glândulas e mucosas – Das glândulas dos bovinos (suprarrenais, tireoide, pâncreas) são extraídas substâncias usadas em medicamentos, perfumaria e em laticínios. A insulina para diabéticos, por exemplo, é extraída a partir do pâncreas dos bovinos.

Intestino Bovino – Do intestino produzem-se fios usados em cirurgias. Já a gordura é aproveitada na fabricação de sorvetes e produtos de confeitaria.

Sangue bovino – O sangue dos animais costuma ser aproveitado para a produção de plasma, soro e farinha de sangue. 

 – Plasma: usado na fabricação de embutidos; 

 – Soro: usado para confeccionar vacinas; 

 – Farinha de sangue: aplicada como fertilizante, por causa do alto teor de nitrogênio.

Sebo bovino – Se transforma em matéria-prima para muitos segmentos, como a indústria farmacêutica, de sabão, sabonetes, detergentes, shampoos, tintas, pneus e velas.

Tripas – Bastante usada na indústria de embutidos, no encordoamento de raquetes de tênis e em fios para suturas de cirurgias.

Estes são alguns exemplos do uso de derivados da pecuária bovina que vão além da alimentação. 

Mas, e o “berro do boi”? 

Então, ele é utilizado na composição de trilhas sonoras de filmes, novelas e canções. Também é utilizado para animar festas de peão Brasil afora.

Além de bovinos, outras criações reforçam o potencial do agro

De fato, o Brasil é um grande criador de bovinos e por consequência seus subprodutos são variados e utilizados em muitos segmentos. Mas a pecuária brasileira não se resume apenas aos bovinos. Ovinos, caprinos e suínos também oferecem muitas possibilidades para reforçar o potencial do agro além da oferta de alimentos.

A caprinocultura e a ovinocultura, por exemplo, são setores que possuem excelente potencial para incremento na participação do setor industrial, especificamente para o segmento de calçados e vestuários que valorizam produtos regionalizados, com matéria-prima oriundas das peles destes animais.

Merece destaque o crescimento da utilização de couro de caprinos e ovinos pela indústria moveleira. Caracteriza-se também pela grande resistência, boa flexibilidade e pela beleza.

Já os ovinos são também grandes fornecedores de lã para os setores de vestuário no Brasil e no mundo. No Brasil, o último censo agropecuário indicou uma produção de 7 milhões de toneladas, refletindo em uma movimentação de R$ 63,3 milhões.

Contribuição até com a medicina humana

Os suínos são também grandes fornecedores de matéria-prima para produtos que vão além da carne para alimentação. Todos os subprodutos derivados da pecuária bovina que citamos, também podem ser derivados de suínos. 

Mas há um segmento relacionado à suinocultura que foge totalmente do padrão: a medicina humana!

Estudos recentes mostram que os suínos compartilham uma série de características surpreendentemente semelhantes aos humanos. Ambos temos espessa camada de gordura subcutânea, narizes salientes e outras similaridades anatômicas. 

Mas essa semelhança vai muito além. Partes da pele dos porcos, válvulas cardíacas e até órgãos já começam a ser usadas em pesquisas médicas por causa de sua semelhança com o corpo humano.

Recentemente, o primeiro transplante de rim de porco para humano foi realizado com sucesso nos EUA. Esse rim veio de um porco geneticamente modificado para impedir que o órgão fosse rejeitado pelo corpo humano.

Futuramente acredita-se que outros órgãos de porcos, tais como o coração, pulmão e fígado, podem ser usados em humanos que precisam de transplantes. Reduzindo, assim, longas filas por transplantes que existem ao redor do mundo. É o potencial do agro salvando vidas!

Já o Instituto Butantã utiliza ovos no processo de fabricação de vacinas. “A produção dos ovos é feita em granjas próprias, construídas em locais protegidos, que contam com altíssimos níveis de controle sanitário. As granjas utilizam o que há de mais moderno na produção avícola: controles rigorosos, como os de ventilação, de condições climáticas, de iluminação, de ninhos automáticos, de transporte e de embalagem dos ovos em linhas automatizadas”, explica.

Método barato e eficaz na produção de vacinas

Imunizante contra uma cepa do coronavírus que atinge apenas animais também é produzido com essa tecnologia. (Unsplash/Reprodução)

O agronegócio e o mercado financeiro

Com o destaque do agro no Brasil e no mundo, investir no setor tem sido também uma boa opção para quem atua no mercado financeiro, com operações em renda fixa ou variável.

As operações em renda fixa ocorrem com as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) ou os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).

Já os investimentos em renda variável que mais chamam a atenção são as aplicações no FIagro (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais). 

Para quem busca uma opção na bolsa de valores, a B3 conta com papéis voltados para operações com o agronegócio, tanto na produção agrícola quanto na pecuária.

 

Nova call to action

Como saber a origem do que se consome?

Com tantos produtos de origem do agronegócio presentes no cotidiano, é essencial que se saiba a origem deles para que haja segurança na relação entre fornecedor e consumidor.

No Marketplace da Agrotools você encontra diversas opções que te auxiliam a sanar suas dúvidas, ao fortalecer a transparência nos negócios. 

Além da análise socioambiental disponibilizada como ferramenta individual de análise pronta para uso, a Agrotools possui inúmeras APIS: 

Ao acessar o ambiente do marketplace, você estará dando um passo para a redução de riscos na sua atividade, já que terá certeza da origem do produto do seu fornecedor.

Acesse o quanto antes e tire todas as suas dúvidas!   

Conclusão

O grande potencial do agro na sociedade brasileira e sua influência em diversos setores da economia demonstram a importância de promover o desenvolvimento sustentável do setor pecuário.

Só assim, as próximas gerações poderão se beneficiar do que está sendo feito hoje e aperfeiçoar o que para elas será necessário em termos de evolução social e ambiental.

Neste sentido, é essencial a adoção de ferramentas tecnológicas, como as que já estão disponíveis no Marketplace da Agrotools.

*a primeira versão do texto foi escrita pelo jornalista Mário Bittencourt, pós-graduado em Agricultura de Precisão. Em 11/02/2022 o conteúdo foi ampliado e atualizado por Diego Augusto Campos da Cruz, graduado em em Zootecnia pela Universidade de São Paulo e Mestre em Produção Animal Sustentável, além das especialistas do time Agrotools Stella Rodrigues, Bióloga e PhD em Ecologia e Conservação, Larissa de Moura Souza, Graduanda em Zootecnia pela Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP) e Pâmela Avanço, graduada em em Zootecnia pela Universidade de São Paulo


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