Como funciona o seguro agrícola: dicas para aumentar o portfólio
6 de agosto de 2021
Tempo de Leitura: 12 minutos
Recentemente, a oferta de apólices está em expansão e muitos se interessam em saber como funciona o seguro agrícola. Em 2019, houve um aumento de 50% da área segurada em relação ao ano anterior por meio do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), segundo dados do Ministério da Agricultura. Apesar disso, a realidade é que ainda há muito espaço para crescimento.
Um dos motivos que explicam a falta de cobertura na maior parte do Brasil é a insegurança das instituições financeiras no processo. A falta de respostas para perguntas simples, como condições de manejo, tipo de técnica utilizada e produtividade histórica aumenta a percepção de riscos pelas seguradoras.
Porém, é possível quebrar esse círculo vicioso e gerar mais oportunidades de negócio com o uso da tecnologia. A digitalização é capaz de mitigar os riscos envolvidos na operação de seguro com mais precisão, o que torna a análise mais ágil e com informações mais completas.
Neste artigo, você conhecerá algumas dicas para aumentar o portfólio de clientes na sua seguradora, expandindo também a sua área de atuação. Confira!
Como funciona o seguro agrícola no Brasil
Existem duas vertentes no mercado de seguro rural no país. A primeira delas é que estamos avançando: desde 2006, quando houve a aprovação da lei de subvenção ao prêmio, o número de hectares cobertos aumentou consideravelmente, de 1,5 milhão de hectares para 6,9 milhões de hectares em 2019.
Ao mesmo tempo, o orçamento do Governo Federal voltado para custear o seguro subiu de R$440 milhões em 2019 para R$1 bilhão em 2021/2022 no Plano Safra. Nesse sentido, cada vez mais o seguro rural está perto de se transformar em um instrumento de política agrícola, que é fundamental para a expansão do agronegócio.
Por outro lado, ainda há muito espaço para crescimento. Dados do Ministério da Agricultura mostram que apenas 0,5% das lavouras tinham algum tipo de seguro no Espírito Santo em 2019. Ao mesmo tempo, a Região Sul e o interior de São Paulo concentravam 80% das apólices no país.
Como falamos na abertura deste artigo, um dos grandes motivos que explicam esse cenário é a falta de percepção dos riscos envolvidos no processo. Quando você não tem informações suficientes para conhecer determinado tema, é natural que haja uma desconfiança sobre os resultados.
Dessa forma, a oferta de seguro rural se torna menos atrativa para os dois lados, porque a seguradora não oferece taxas competitivas, com medo de ter prejuízos financeiros, e os produtores não contratam os seguros, porque consideram o valor alto ou não entendem a sua importância.
A solução para esse problema passa pelo conhecimento mais avançado dos nossos territórios rurais, o que vai melhorar o gerenciamento de risco dessas operações. Pode parecer difícil, mas a tecnologia é uma aliada fundamental para aumentar a conexão entre as instituições financeiras e o campo, deixando o seguro mais atrativo.
Importância do seguro agrícola na sociedade
Os seguros têm uma importância fundamental na segurança alimentar da nossa sociedade. Quando ocorre uma perda em uma safra ou rebanho, por exemplo, o produtor tem dificuldades de seguir nessa atividade, então o seguro garante a continuidade do seu negócio e mantém a produção de alimentos.
Ou seja, aumentar o número de apólices não é positivo somente para as instituições financeiras e seguradoras, mas também para a nossa sociedade. É por isso que, nos últimos anos, o mercado de seguro rural é alvo de investimentos, tanto do Governo Federal como da iniciativa privada.
O agronegócio é o setor que mais cresce no país. Em 2020, alcançou 26,6% do PIB brasileiro (era 20,5% em 2019). Durante os anos de crise no país da última década, essa atividade se consolidou como o motor econômico, mas a fatia pequena de propriedades seguradas ainda é um empecilho.
Por isso, há o desenvolvimento de novas ferramentas e soluções digitais para tornar o seguro rural mais acessível para os produtores e com maior segurança e rentabilidade para as seguradoras. É impossível se aventurar em um mercado sem conhecê-lo corretamente, mas com as informações necessárias, o cenário muda.
Principais tipos de seguro agrícola
Assim como ocorre nas operações de crédito rural, o seguro rural tem diferentes tipos de cobertura. Essas são as principais:
- seguro agrícola: voltado para as perdas na atividade agrícola, principalmente causadas por fenômenos climáticos;
- seguro pecuário: cobertura para a vida dos animais, principalmente para acidentes, incêndios e outros problemas relacionados;
- seguro de florestas: destinado para as perdas na atividade florestal, como incêndios e fenômenos climáticos;
- seguro de vida do produtor rural: cobertura para os produtores que pegaram crédito rural, com vigência apenas durante o financiamento;
- seguro aquícola: funcionamento parecido ao pecuário, mas para animais aquáticos.
O seguro agrícola é o mais utilizado, principalmente porque essa é uma atividade fundamental para o país. A cadeia produtiva da agricultura expandiu 24,2% em 2020 na comparação com o ano anterior, com destaque para a safra recorde de grãos (257,8 milhões de toneladas) e a maior oferta de café e cana-de-açúcar.
Legislação do setor no país
O seguro rural tem uma história antiga no Brasil. A sua primeira aparição foi em outubro de 1939, quando São Paulo criou uma obrigação para a contratação de seguro contra o granizo na lavoura algodoeira. Posteriormente, nas décadas seguintes, o setor se transformou em instrumento de política agrícola, principalmente depois da Constituição de 1988.
Em 1973, foi criado o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), que visa manter o equilíbrio das operações agrícolas no Brasil. As seguradoras podem recuperar uma parcela de seus sinistros retidos com sinistralidade entre 100% e 150% ou acima de 250%. Atualmente, a ABGF é encarregada pelo fundo.
A Lei 10.823, de dezembro de 2003, criou a subvenção econômica ao prêmio do Seguro Rural. Como veremos a seguir, essa subvenção tem participação importante na busca por uma carteira maior de seguros, porque é capaz de melhorar a sua competitividade sem minar a rentabilidade da seguradora.
Para ter acesso a dados históricos e outras estatísticas de fontes públicas, leia mais sobre o atlas do seguro rural.
Dicas para aumentar o portfólio e a área de atuação
De fato, as seguradoras encontram desafios importantes na gestão da sua carteira de clientes. Isso faz com que muitas empresas atuem de forma limitada, não aproveitando todas as oportunidades disponíveis no mercado de seguro rural porque não tem agilidade e segurança suficiente para expandir o portfólio.
A resolução disso passa pelo uso da tecnologia no campo, que promove uma verdadeira revolução no agronegócio. É improvável mensurar, de forma simples e objetiva, o risco sem o uso de tecnologias que sintetizem esses dados e os transformem em conhecimento prático.
Conheça as nossas dicas para você melhorar a rentabilidade da sua carteira de seguros, com a ampliação da área de atuação e maior número de apólices!
Digitalização da análise de seguro
A contratação do seguro rural passa por diversas fases. Em todas elas, desde a cotação das propostas até o acompanhamento das apólices e possíveis sinistros, a digitalização é fundamental para acelerar a sua análise, trazendo mais celeridade para o processo.
O grande diferencial que o uso de dados traz para a seguradora é o monitoramento à distância, de forma individualizada e transparente. Não é preciso realizar vistorias presenciais, que custam caro e não têm a mesma precisão da tecnologia — por meio de uma plataforma, a empresa acompanha a propriedade direto pela internet.
Portanto, o principal benefício é a queda nos custos operacionais da instituição, porque a estrutura necessária é menor — a tecnologia de ponta é acessível para empresas de qualquer porte. Além disso, com a operação de financiamento mais ágil e segura, aumenta também a capacidade de atender mais produtores rurais.
Para aproveitar essas soluções, a seguradora pode optar por pacotes de assinatura, que envolvem consultoria de especialistas na área, ou por requisições individuais por meio de nosso Marketplace. Todas as ferramentas são integráveis com a plataforma de gestão própria da empresa.
Percepção melhor dos riscos
O fator principal para a dificuldade de expansão do seguro rural é a percepção inconsistente dos riscos associados. Se você só tem acesso a informações básicas, sem nenhum sistema automatizado que faça uma análise, é natural que a compreensão dos riscos seja maior.
Quando isso acontece, existem duas consequências: ou os riscos não são aceitos pelas seguradoras ou, quando aceitos sem as informações básicas necessárias, as taxas podem ser elevadas. No entanto, não é a taxa que corrige o risco, mas a gestão e o acesso aos dados corretos.
Tanto para financiar como para assegurar o agronegócio, os agentes precisam saber o que acontece dentro das propriedades. A quem, afinal, estão se vinculando? As práticas adotadas por aqueles produtores condizem com o financiamento contratado? Ter essas respostas pode ser vital para atuar nesse mercado, sabendo como funciona o seguro agrícola.
Por isso, em vez de definir taxas mais altas para os produtores, as seguradoras que mitigam corretamente esses riscos podem oferecer um produto mais atrativo e sofisticado, com boa rentabilidade para a instituição e valores dentro da realidade dos produtores. Naturalmente, será possível expandir sua atuação sem aumentar a exposição ao risco.
Acompanhamento mais efetivo das apólices
Em geral, as seguradoras concentram os seus esforços durante o período de contratação do seguro e quando ocorre o sinistro. Porém, é necessário acompanhar as apólices emitidas para se antecipar a possíveis problemas ou intervir para minimizar os prejuízos causados pelos fenômenos naturais.
Com o uso de dados históricos e imagens de satélite do campo, é possível monitorar as propriedades rurais, recebendo informações como: validação da cultura (se foi plantada corretamente), identificação da data do plantio e colheita e a validação do ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) da região e cultura.
Além disso, as seguradoras também precisam acompanhar se os seus clientes estão em dia com o compliance socioambiental, adotando todas as práticas de ESG (ou ASG, que significa Ambiental, Social e Governança) nas suas atividades. Ou seja, é possível prever e mitigar riscos socioambientais com esse rastreamento constante.
Em outras palavras, com as soluções digitais, as seguradoras são capazes de realizar o “pós-venda” do seguro rural com mais efetividade. O resultado é um maior conhecimento sobre o seu portfólio e sobre o nosso campo, que traz mais segurança para atuar em áreas menos conhecidas, por exemplo.
Acesso mais transparente à subvenção federal
O Programa de Seguro Rural (PSR) é um dos instrumentos de política agrícola do Governo Federal, que traz benefícios para os produtores e para as seguradoras. O objetivo do programa é reduzir os custos do seguro e tornar a sua contratação mais interessante, mas sem prejudicar as instituições que atuam nesse mercado.
O primeiro passo para aproveitar essa vantagem é que a sua seguradora esteja habilitada pelo Ministério da Agricultura (MAPA). O limite da subvenção varia entre 20% e 40%, então as participantes são capazes de manter a sua rentabilidade, mas oferecendo um produto mais barato para o seu cliente. Em 2020, eram 14 seguradoras habilitadas.
Atualmente, a seguradora precisa submeter a apólice contratada para o MAPA, que analisa os dados de cadastro do produtor e libera a subvenção se ainda houver recursos no PSR. Em 2020, 100% dos recursos foram executados para as seguradoras, o que totalizou R$881 milhões.
Aproveitar a subvenção é uma das formas de expandir a sua atuação, sabendo como funciona o seguro agrícola, e a tecnologia tem papel fundamental nessa tarefa. Principalmente porque, com ferramentas digitais, você acessa as informações do produtor e da propriedade com poucos cliques. Ou seja, facilita a execução da subvenção e, de quebra, melhora a atratividade dos seus produtos no mercado.
Acima de tudo, a digitalização do seguro rural pode trazer muitos benefícios para as seguradoras. Estamos falando de um mercado com alto potencial de crescimento, mas que é limitado pela falta de informações e conexão entre instituições e produtores. Assim, ao aproveitar as soluções disponíveis, as empresas do setor estão prontas para melhorar a gestão de riscos e expandir a sua carteira de clientes.
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