Agricultura de baixo carbono: o que é, como aplicar, desafios e oportunidades para o futuro
30 de novembro de 2023
Tempo de Leitura: 8 minutos
Em um contexto de mudanças climáticas e preocupações com os impactos de possíveis catástrofes naturais no agronegócio, a agricultura de baixo carbono aparece como uma das ações mais promissoras para garantir um desenvolvimento sustentável no Brasil.
De fato, existe um desafio entre garantir a segurança alimentar para toda a população sem gerar impactos negativos no meio ambiente.
Porém, a verdade é que, ao adotar as melhores práticas nas lavouras, o agro brasileiro é capaz de mitigar alguns dos riscos que a alteração no clima pode trazer e ainda garantir resultados mais duradouros para esse setor tão importante no PIB local e na alimentação da população global, visto que o Brasil é um dos maiores exportadores do mundo.
Neste artigo, entenda o que é o conceito de agricultura de baixo carbono, sua importância, conheça as políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável e como a tecnologia é fundamental para as empresas garantirem a sua expansão no agronegócio brasileiro. Boa leitura!
O que é agricultura de baixo carbono
A economia de baixo carbono é um modelo que visa reduzir ou eliminar a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Nesse sentido, quando falamos de agricultura de baixo carbono, a ideia é adotar práticas agrícolas mais sustentáveis que reduzam as emissões de carbono equivalente, que geram menor impacto ambiental.
No Brasil, a agricultura tem uma parcela considerável nas emissões de GEE na natureza. De acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a atividade rural foi responsável por 72% das emissões no país em 2019, o que inclui agropecuária e outras atividades, como desmatamento para outros fins, por exemplo.
A maior parte vem da pecuária (44%, de acordo com o relatório acima), devido à fermentação entérica (arroto de boi), mas cerca de 30% dessas emissões podem ser atribuídas à agricultura, segundo a mesma pesquisa. Ou seja, existe um espaço considerável para diminuí-las e tornar a agricultura nacional mais eficiente e sustentável.
Medidas para diminuir a emissão dos GEE na agricultura
Há uma série de práticas e técnicas que podem ser aplicadas para reduzir a pegada de carbono da agricultura. Confira a seguir as mais utilizadas!
- Plantio direto e rotação de culturas: práticas agrícolas que melhoram a saúde do solo, reduzem o uso de insumos químicos e ainda ajudam a reter carbono.
- Energias renováveis: utilização de fontes renováveis de energia, como a solar e a eólica, para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. O mesmo vale para os biocombustíveis, como no caso de máquinas agrícolas e transporte e escoamento de matéria-prima. Nesse caso, o uso de hidrovias e ferrovias é mais indicado do que as rodovias.
- Gestão de resíduos: manejo correto dos resíduos agrícolas, além da compostagem, para evitar a decomposição anaeróbica, que produz metano.
- ILPF: é a integração entre lavoura, pecuária e florestas, que visa melhorar a qualidade do solo e aproveitar a floresta para remover parte das emissões de GEE.
- Conservação das florestas: seguindo a mesma lógica, é importante preservar as áreas nativas, que atuam como sumidouro de carbono.
- Recuperação das pastagens: em solos degradados, por meio da adubação e práticas de manejo, é possível recuperá-los e aumentar a captura de carbono.
Mudanças climáticas em pauta
Em 2015, no âmbito do Acordo de Paris, o Brasil apresentou a sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) com metas claras para a sua descarbonização. O país se comprometeu, até 2025, a reduzir as emissões dos GEE em 37% em relação ao nível de 2005. Até 2030, esse número deve chegar a 43%.
Ao mesmo tempo, há também a promessa de aumentar a participação de bioenergia sustentável em sua matriz energética para 18% até 2030, além de restaurar 12 milhões de hectares de florestas.
Naturalmente, a agricultura tem participação importante nessas metas. Ao adotar as práticas citadas no tópico anterior em larga escala, a atividade contribui para a redução das emissões.
Porém, não é somente isso. A agricultura de baixo carbono também ajuda a mitigar os efeitos das mudanças climáticas na produção, porque essas técnicas tornam as lavouras mais resilientes e sustentáveis no longo prazo.
Plano ABC e sua relação com a descarbonização da agricultura
Desde 2010, o Brasil definiu a agricultura de baixo carbono como uma política pública. Neste ano, o Governo Federal criou o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas Visando à Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, conhecido como Plano ABC.
O objetivo do Plano ABC é promover uma série de ações para reduzir as emissões dos GEE na agricultura brasileira. O projeto foi estruturado em sete programas diferentes, que envolvem diversas práticas citadas anteriormente (ILPF e Plantio Direto, por exemplo).
Em 2011, uma linha de crédito de R$ 2 bilhões foi lançada para financiar práticas sustentáveis, mas o governo prometeu até R$ 197 bilhões para os dez anos seguintes. A contratação entre 2010 e 2019, na verdade, ficou em R$ 27,7 bilhões, mas as metas foram alcançadas, de acordo com o MAPA.
Nos últimos anos, o programa sofreu duas alterações: virou Plano ABC+ em 2021 e, em 2023, foi rebatizado de RenovAgro. Para o Plano Safra 23/24, o orçamento do programa está em R$6,93 bilhões, com juros de 7% ao ano — o menor da agricultura empresarial.
No fim das contas, o objetivo do programa é incentivar os produtores a adotarem medidas mais sustentáveis. Dessa forma, além dos benefícios diretos em sua produção, eles também recebem condições de financiamento melhores e podem expandir a rentabilidade das suas lavouras.
Tecnologia ajuda a superar desafios e traz oportunidades para o agronegócio
O Plano ABC, atualmente conhecido como RenovAgro, é uma política importante para estimular a agricultura de baixo carbono no Brasil. Porém, o maior desafio é a sua aplicação prática, principalmente no monitoramento das lavouras participantes.
Já que há uma linha de crédito especial para essas ações, com condições financeiras mais amigáveis, é fundamental garantir que esses produtores estão seguindo as regras do programa. Além disso, é necessário evitar o greenwashing, quando a pauta verde é “sequestrada”, sem que haja ações concretas.
Nesse sentido, a tecnologia se torna um ator principal dessa equação. Uma instituição financeira que concede crédito rural dentro do programa, por exemplo, deve assegurar que seus clientes estão em linha com a agenda ESG.
Como fazer isso? O monitoramento remoto, por meio de imagens de satélite, é uma das formas mais conhecidas e ágeis para se ter uma visão ampla das propriedades rurais. Assim, é possível saber, entre outras informações, se aquela propriedade está preservando a vegetação nativa, por exemplo.
Ao mesmo tempo, com o uso de big data e análises preditivas, é possível acompanhar as condições do solo e o seu desenvolvimento.
Isso vale tanto para os agricultores, que podem usar as análises para antecipar problemas e melhorar suas operações, como para as empresas que se relacionam com o agro, porque podem monitorar e privilegiar os produtores que adotam práticas sustentáveis.
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