Gerenciamento de riscos e oportunidades: saiba detalhes do relatório do BC
14 de fevereiro de 2022
Tempo de Leitura: 7 minutos
Gerenciar riscos e oportunidades socioambientais, um dos pilares da agenda ESG por conta dos impactos do aquecimento global na economia das nações, deve ser uma prioridade para o sistema financeiro mundial.
Isso porque o aquecimento global influencia de maneira significativa na economia das nações e no poder de compra da sociedade.
Atento a isto, o Banco Central do Brasil lançou em setembro de 2021 o primeiro RIS (Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas) da Agenda BC Sustentabilidade.
Pioneiro no Brasil, o documento segue orientações do TCFD (Task Force on Climate related Financial Disclosures) e serve como padrão para empresas do setor financeiro.
Saiba neste artigo quais são os pontos principais deste relatório e como a Agrotools auxilia sua empresa no gerenciamento de riscos e oportunidades socioambientais. Acompanhe!
O que são os riscos e as oportunidades socioambientais
O mundo, sobretudo o Brasil, foi afetado em 2021 por diversos eventos climáticos atribuídos ao aquecimento global e que causaram prejuízos milionários, sobretudo no setor agrícola.
Secas, geadas, incêndios, enchentes, derretimento de calotas polares, aumento do nível do mar foram alguns dos eventos em vários países.
No final de 2021, o Brasil foi afetado ainda por excesso de chuvas em algumas regiões e estiagem em outras, situação que permanece com as ondas de calor neste início de 2022.
Dessas intempéries, uma das que mais preocupam é a falta de chuvas, por conta da redução da produção agrícola e do nível dos reservatórios das usinas de geração de energia elétrica, o que impacta toda a economia, devido ao aumento do custo da energia.
Em 2021, por conta da estiagem, a energia elétrica teve alta no Brasil de 114%, ante os 48% da inflação no mesmo período, segundo a Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia).
Neste contexto, o setor financeiro deve estar munido de informações seguras sobre o aquecimento global e seus efeitos, para prever situações e gerenciar os riscos.
Mas ao mesmo tempo em que surgem esses problemas, são apresentadas soluções, verdadeiras oportunidades de negócios, a exemplo do mercado de carbono e do crédito rural para incentivar práticas sustentáveis no campo.
Assim, as empresas ligadas ao sistema financeiro devem reforçar cada vez mais seus relatórios de ESG, sigla formada pelas iniciais das palavras environmental (ambiental), social (responsabilidade social) e governance (governança).
E, agora, com a publicação do primeiro RIS do Banco Central do Brasil, os relatórios podem seguir uma padronização, de modo que haja uma congruência de ações cada vez maior a respeito do gerenciamento dos riscos e das oportunidades.
Veja abaixo alguns dos principais pontos do primeiro RIS do Banco Central. Confira!
RIS do Banco Central: um guia para o sistema financeiro
O primeiro RIS do Banco Central tem três objetivos:
1.) apresentar às ações da autarquia federal relacionadas à gestão de riscos e oportunidades sociais, ambientais e climáticas;
2.) estabelecer regras para que instituições do SFN (Sistema Financeiro Nacional) elaborem sua PRSAC (Política de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática e fortaleçam suas estruturas de gerenciamento de riscos;
3.) determinar requisitos para a divulgação, pelas instituições, do Relatório GRSAC (Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas), relativos às informações sobre a governança, a gestão de riscos sociais, ambientais e climáticos.
Com o relatório, as instituições ligadas ao SFN devem ampliar as informações relativas às suas práticas de ESG, com foco na responsabilidade socioambiental.
O Brasil seguirá, assim, um movimento mundial marcado pela presença da sigla ESG em relatórios das empresas, conforme aponta a segunda edição da Carta Propague.
De acordo com o Propague, houve um crescimento, entre 2016 e 2020, de 97% no número de disposições relacionadas sobre ESG nos relatórios das empresas.
Mas ainda é preciso estabelecer os padrões para publicação desses relatórios mundo afora, conforme aponta o TCFD, força tarefa composta por 32 membros do G20 envolvidos com divulgações financeiras.
E, neste contexto, o primeiro RIS do Banco Central representa uma ação de vanguarda, já que foi elaborado em consonância com outros bancos centrais e com recomendações de organismos internacionais para adoção das melhores práticas.
Para o banco, “a construção de um consenso sobre a melhor forma de medir os riscos financeiros associados às mudanças climáticas é um processo em evolução, e a divulgação dessas informações contribui com o esforço de alcançar um entendimento comum quanto à forma de mensuração”.
Com isso, o Banco Central do Brasil realizou um aprimoramento da regulação sobre os riscos socioambientais, com aprovação pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), por meio da alteração de resoluções do conselho. Confira abaixo os detalhes!
Resolução CMN 4.943
Altera a Resolução CMN 4.557, de 23 de fevereiro de 2017, para a inclusão de seção específica com definições e requisitos para o gerenciamento dos riscos social, ambiental e climático.
Elas são aplicáveis às instituições enquadradas no Segmento 1 (S1), no Segmento 2 (S2), no Segmento 3 (S3) e no Segmento 4 (S4), nos termos da Resolução 4.553, de 31 de janeiro de 2017.
Resolução CMN 4.944
Houve alteração na Resolução CMN 4.606, de 19 de outubro de 2017, para a inclusão de seção específica com definições e requisitos para o gerenciamento dos riscos social, ambiental e climático aplicáveis às instituições enquadradas no Segmento 5 (S5);
Resolução CMN 4.945
Revogou a Resolução CMN 4.327, de 25 de abril de 2014, e estabeleceu novos requisitos aplicáveis às instituições enquadradas no S1, no S2, no S3, no S4 e no S5, relativamente ao estabelecimento da PRSAC e à implementação de ações com vistas à sua efetividade.
Segundo o Banco Central, “as novas regras de gerenciamento de riscos têm como foco o tratamento da possibilidade de perdas para as instituições reguladas”.
A norma, frisa o banco, “redefine o risco social, relacionado a práticas de violação de direitos e garantias fundamentais ou de interesses comuns, e o risco ambiental, associado a atos de degradação do meio ambiente”.
Também são introduzidos conceitos de risco climático de transição, no contexto da transição para uma economia de baixo carbono.
Há ainda o risco climático físico: intempéries frequentes e severas ou por alterações ambientais de longo prazo, que possam ser associadas a mudanças em padrões climáticos.
Gerenciamento de riscos e oportunidades com a Agrotools
A Agrotools possui diversas ferramentas digitais para auxiliar sua empresa, seja nos serviços cotidianos de acompanhamento de parceiros comerciais ou com informações para embasar o PRSAC ou o Relatório GRSAC.
Dentre essas ferramentas, estão as Functions, com a qual é possível:
- Estimar a penalização de produtividade;
- Classificar a produção agrícola;
- Identificar um bioma;
- Consultar o CAR (Cadastro Ambiental Rural);
- Identificação de focos de incêndio;
- Embargos ambientais e intrusão terras indígenas;
- Histórico de temperatura e pluviosidade, dentre outros.
Por isso, consulte um especialista da Agrotools para aprimorar as práticas ESG da sua empresa, e melhor gerenciar os riscos e oportunidades socioambientais.
Conclusão
O gerenciamento dos riscos e oportunidades socioambientais é uma das principais tarefas a serem desenvolvidas nas empresas, sejam elas do SFN ou de outros setores da economia.
Por isso, é preciso fazer uso de ferramentas que possam auxiliar na confiabilidade das informações para que o trabalho seja feito de forma eficiente.
Acesse o Atmarket da Agrotools e tenha as melhores informações para o seu gerenciamento.
*autor: Mário Bittencourt Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão