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Financiamento rural além do Plano Safra: oportunidades e desafios

Financiamento rural além do Plano Safra: oportunidades e desafios

Financiamento rural além do Plano Safra: oportunidades e desafios

10 de novembro de 2021

Tempo de Leitura: 13 minutos

Principal instrumento para o repasse de recursos públicos ao financiamento rural, o Plano Safra foi liberado pelo Governo Federal, injetando bilhões no setor Agro nos próximos meses.

No entanto, se a sua instituição financeira não faz parte do grupo de parceiros governamentais para a concessão de crédito rural, não há problema. Neste artigo, vamos explicar como funciona o Plano Safra deste ciclo, as taxas de juros do Pronaf e Pronamp, quais são as linhas de crédito disponíveis e como vencer os desafios a fim de aproveitar as oportunidades do mercado de financiamento agrário para além do programa de repasse público. Confira.

 

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O Plano Safra e a concessão de crédito rural

Desde 2003, o Plano Safra é o programa do Governo Federal responsável pela destinação de recursos públicos para financiar as atividades agrícolas de pequenos, médios e grandes produtores do país.

Por meio do programa, produtores rurais podem solicitar às instituições financeiras parceiras crédito para ações de custeio, investimento e comercialização de suas safras. Para o período 2021-2022, o Governo Federal liberou R$ 251,22 bilhões ― R$14,9 bilhões a mais que o Plano Safra anterior, um incremento de 6,3%  ―, valor distribuído entre os 12 bancos parceiros do plano. Os financiamentos podem ser realizados até 30 de junho de 2022.

Houve, ainda, a subvenção de R$1 bilhão para os prêmios do seguro rural. Com esse montante, será possível a contratação de 158,5 mil apólices que garantirão a cobertura de 10,7 milhões de hectares e um montante segurado de R$55,4 bilhões. Já para apoio à comercialização, foi destinado R$ 1,04 bilhão.

De acordo com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Teresa Cristina, esse plano reforça a mensagem do Governo Federal de apoiar cada vez mais o planejamento agrícola, bem como reforçar o desenvolvimento sustentável do setor agro.

Por esse motivo, o Plano Safra 2021-2022 adotou o lema “Cada vez mais verde”, e programas voltados à agricultura de baixo carbono, produção de energia renovável, bioinsumos, agricultura irrigada e práticas conservacionistas dos recursos naturais receberam aportes recordes, demonstrando haver solo fértil para valorização da agenda ESG e as finanças verdes.

Como funciona o Plano Safra

As linhas de crédito do Plano Safra são atreladas a uma série de subprogramas de financiamento rural, contemplados especialmente dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e linhas para demais produtores.

Há 3 formas de se fazer uma leitura da distribuição dos montantes voltados ao crédito rural (R$ 251,22 bilhões), no Plano Safra 21-22. Confira, abaixo.

Beneficiários

O recursos do Plano Safra atendem aos seguintes perfis de produtores, e são distribuídos da seguinte maneira:

  • beneficiários do Pronaf (pequenos produtores): R$39,3 bilhões;
  • beneficiários do Pronamp (médios produtores): R$34 bilhões;
  • Demais produtores (grandes produtores): R$177,9 bilhões.

Finalidade

Sob a ótica da finalidade ― objetivo da utilização dos recursos  ―, o crédito rural pode ser visto da seguinte forma:

  • Custeio e comercialização: R$177,78 bilhões;
  • Investimentos: R$73,4 bilhões.

Classificação dos juros

Aqui, diz respeito a quais valores terão taxas de juros controladas pelo Governo Federal e quais terão taxas livres de mercado. Sendo assim:

  • taxas controladas: R$165,2 bilhões, dos quais R$ 91 bilhões foram equalizados  com recursos do Tesouro Nacional, no valor de R$13 bilhões;
  • taxas livres: R$86 bilhões.

Qual a taxa de juros do Pronaf e Pronamp

Mesmo com o aporte de R$13 bilhões em recursos do Governo Federal para equalização dos juros, houve um reajuste de 10% nas taxas do Plano Safra 2021-2022.

Os juros do Pronaf, que reúne os pequenos produtores, variam entre 3% ao ano, para a produção de alimentos, e 4% a 4,5%  ao ano, para os demais produtos. Já o Pronamp, onde estão enquadrados os médios produtores, tem taxas anuais para custeio pré-fixadas em 5,5%; para investimento, os juros ficam em 6,5%.

Os valores acima são mais baixos que os praticados para os grandes produtores, cujos contratos de financiamento para custeio têm juros de 7,5% ao ano; para o investimento em máquinas, esse percentual sobe para 8,5%. Contratos via cooperativas, crédito industrial e capital de giro, por sua vez, têm taxas de 8% ao ano. Por fim, há juros que variam entre 5,5% e 7,5% ao ano para os chamados “Investimentos Prioritários” em agricultura sustentável.

 

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As principais linhas de crédito: entenda como funciona o Plano Safra

Agora, você vai conhecer as linhas de crédito e saber melhor como funciona o Plano Safra. Para ficar mais simples de entender como acontece essa distribuição, eles foram separados por categorias. Confira.

Crédito de Custeio

As linhas de crédito a seguir são voltadas para produtores que pretendem fazer investimentos como aquisição de animais para engorda, sementes e insumos necessários para o dia a dia do setor, bem como arcar com despesas relativas ao processo produtivo. São eles:

Pronaf Custeio

É a linha de crédito rural para despesas relacionadas à agricultura familiar, agropecuárias ou não, em uma unidade de produção familiar rural. Para entrar no programa, a renda bruta da família não pode ter ultrapassado R$500 mil nos últimos 12 meses. O tamanho da propriedade não pode ser superior a quatro módulos fiscais de área.

Pronamp Custeio

É destinado a financiar as atividades rurais do médio produtor. A renda bruta do requerente não pode ultrapassar R$2,4 milhões anuais. Vale lembrar que, neste caso, o limite de crédito e os juros são mais elevados que os do Pronaf.

Pronaf Agroindústria Custeio

Destina-se a pessoas físicas, empreendimentos familiares e cooperativas. O objetivo é financiar o beneficiamento e industrialização da produção, a armazenagem e comercialização do produto final. Também, possibilita adiantamentos por venda e investimentos na conservação de produtos para venda em momentos mais favoráveis, além da aquisição de insumos agropecuários pela cooperativa.

Demais produtores

Produtores com renda bruta superior a R$2,4 milhões não se enquadram no Pronaf e Pronamp, mas podem contratar o financiamento rural para despesas normais da atividade agropecuária pagando os juros mais altos, de até 7,5% ao ano.

Crédito de Investimento

O crédito de investimento é destinado à modernização das propriedades rurais, obras de irrigação e compra de novos veículos. Os prazos de pagamento podem se estender por até 10 anos,  além de período de carência. As modalidades são:

Pronaf Agroindústria Industrialização

Esta modalidade tem o objetivo de financiar a industrialização da produção, além da formação de estoque e serviços de apoio à comercialização ― atividades que agreguem renda à produção. Assim como na modalidade custeio, também é possível receber adiantamentos pelas vendas, além de obter capital de giro e adquirir insumos agropecuários por meio de cooperativa.

Pronaf Jovem

O Pronaf Jovem é destinado a beneficiários entre 16 e 29 anos, que estejam empreendendo em atividades agrícolas (produção, armazenagem e transporte). Para participar, é preciso ter estudado em escola técnica agrícola ou se inscrever em uma Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em seu estado. Uma das grandes vantagens é a carência de 3 a 5 anos para início do pagamento.

Pronaf Investimento (Mais Alimentos) e Pronaf Mulher

Modalidades voltadas a pequenos produtores, oferece financiamento para melhorias na propriedade rural. Entre os beneficiamentos estão: florestamento, recuperação do solo, aquisição de equipamentos e veículos, formação de lavouras, implantação de eletrificação e serviços de telefonia, construção de armazéns e silos, entre outros.

Destaque para a modalidade Pronaf Mulher, que visa atender às necessidades das produtoras, especialmente de baixa renda ou renda limitada a R$23 mil/ano.

Pronaf B

É uma modalidade de microcrédito para produtores com renda familiar bruta de até 23 mil no último ano. Os contratos são limitados ao teto de R$6 mil, com taxas de apenas 0,5% ao ano ― inferiores às de como funciona o Plano Safra. O prazo para quitação é de 2 anos.

Pronaf Agroecologia

Destina-se aos agricultores individuais ou cooperativas que desejem assumir um modelo de produção ecológico ou, até mesmo orgânico. Logo, os financiamentos englobam todos os custos necessários à implantação ou manutenção desse empreendimento; há a exigência de assistência técnica a todo projeto financiado.

Pronaf Bioeconomia

Destinado a pessoas físicas que desejem investir em tecnologias de energia renovável (como energia solar ou eólica), armazenamento hídrico, aproveitamento hidroenergético, tratamento de efluentes, adoção de práticas conservacionistas (como recuperação do solo), a fim de melhorar a sustentabilidade de sua produção.

Crédito de Investimento ― demais linhas

Diferentemente dos investimentos anteriores, os seguintes programas de crédito contemplam valores mais robustos. Podem ser contratados tanto por produtores individuais quanto grupos. As modalidades são:

Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro)

Tem o objetivo de financiar sistemas de agricultura digital, renovação de maquinário e frota, automação, pesquisa genética, energia alternativa, entre outros. Os contratos que podem chegar até R$3,9 milhões, com 3 anos de carência e 10 anos para pagar.

Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota)

Sem limite de valores para o financiamento, a Moderfrota é uma linha destinada à renovação de maquinário agrícola. Inclui, tratores, colheitadeiras, máquinas para pulverização e adubagem, equipamentos e insumos para a criação animal etc. Podem contratar produtores agrícolas e cooperativas.

Programa de Financiamento à Agricultura Irrigada e ao Cultivo Protegido (Proirriga)

O objetivo é melhorar a infraestrutura da propriedade rural de produtores individuais e coletivos. Para isso, são contemplados projetos de irrigação sustentável, recuperação de equipamentos ou instalações de proteção a cultivos específicos, como é o caso de cafeicultura e floricultura.

Programa para Construção de Armazéns (PCA)

Programa de financiamento destinado à reforma e construção de armazéns. O objetivo é dar segurança à produção de grãos, hortaliças, frutas, tubérculos, entre outros.

Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop)

Programa voltado à competitividade das cooperativas, oferece financiamento para a modernização de complexos agroindustriais, dos sistemas produtivos e de comercialização agrícola. São contempladas cooperativas dos setores agropecuário, agroindustrial, aquícola ou pesqueiro.

Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro)

Linha de crédito dedicada especificamente a gerar capital de giro para cooperativas, garantindo mais saúde financeira às organizações para fecharem as contas no positivo.

Pronamp Investimento

Programa destinado a produtores rurais ― proprietários, arrendatários, posseiros ou parceiros ― que tenham renda acima das faixas determinadas pelo Plano Safra. Essa alternativa de crédito financia atividades rurais diversas, desde benfeitorias e ampliações até ações de sustentabilidade.

Os desafios de oferecer financiamento para o campo

Apesar do aumento de 6,3% no valor liberado pelo Governo Federal, em comparação com o período 20-21, a maneira como funciona o Plano Safra em 2021-2022 ainda não atende a toda a demanda do setor Agro, fortemente dependente de financiamento para o custeio de sua operação.

E no cenário atual, com o boom das commodities e a alta do dólar, produtores que não querem perder a chance de aproveitar o bom momento, têm recorrido ainda mais à solicitação de crédito: conjuntura ideal para bancos e cooperativas que atuam na oferta de financiamento rural.

Mesmo em um cenário favorável, com alta demanda, a concessão de crédito agrícola lida com desafios diários, que podem tornar as operações caras, lentas e arriscadas.

A rotina em muitas das financeiras que atuam no setor agro é preenchida por problemas como:

  • lentidão na análise das solicitações de crédito;
  • inviabilidade do monitoramento de territórios rurais;
  • necessidade de coletar dados de forma presencial e manual;
  • falta de informações para uma melhor análise de riscos.

As dificuldades encontradas para ter acesso a dados e fazer o monitoramento da carteira de clientes aumenta o risco de crédito as operações e tira transparência dos processos, o que afasta produtores e pode levar instituições a perderem boas oportunidades de negócio.

As oportunidades do boom do agro para quem fornece crédito agrícola

Apesar dos muitos desafios, o cenário atual, com demanda por aumento de produção, apresenta para quem financia o agro ótimas oportunidades, com produtores e empresas do campo precisando de capital para custear, expandir e comercializar sua produção.

E para não perder essas oportunidades, bancos e cooperativas de crédito precisam estar atentos às tendências, em busca de recursos que otimizem sua operação, para tornar seus processos mais ágeis, transparentes e seguros para a própria instituição, mas também para quem pede crédito.

O papel da tecnologia no aperfeiçoamento da concessão de financiamento rural

Para quem deseja se destacar da concorrência na concessão de crédito — inclusive das instituições parceiras do Plano Safra —, investir em tecnologia é a escolha certa. Com os recursos de uma solução digital como o Credit, é possível garantir acesso a dados e verificar todos os critérios que devem ser analisados na oferta de financiamento agrícola.

A solução da Agrotools desenvolvida para facilitar a rotina das instituições financeiras que atuam no mercado agro digitaliza todos os processos de validação, análise e monitoramento das operações de concessão de crédito para o campo. Oferecendo vantagens como:

  • mais qualidade na coleta de evidências de campo;
  • valoração de garantias de forma 100% remota;
  • gestão ativa da carteira de clientes;
  • aumento no número de vendas de crédito;
  • análises ESG feitas em apenas alguns segundos;
  • blindagem e valorização da marca.

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