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Potência agroambiental: um panorama do setor agro no Brasil

Potência agroambiental: um panorama do setor agro no Brasil

16 de dezembro de 2021

Tempo de Leitura: 15 minutos

Quando se discute o potencial agroambiental brasileiro, é muito comum cairmos em frases feitas como: “O Brasil é o celeiro do mundo”, “o Brasil alimenta 1,5 bilhão de pessoas por dia”, “Temos o agro mais sustentável do mundo”, etc.

Neste texto, vamos explicitar o porquê de o Brasil ser uma potência agroambiental, mas sem cair em frases feitas. Não há necessidade de se inflar os números que acabam resultando em dados imprecisos, como os ditos acima, se nós temos dados claros e corretos para mostrar.

Brasil: uma potência agroambiental

A contribuição do agronegócio na economia brasileira é fundamental. Ele é responsável por quase 27% do PIB nacional, 48% das exportações e 22% dos empregos gerados no Brasil.

Também se destaca mundialmente pelo rápido e potente desenvolvimento de modelos de agricultura digital, destacando-se como o quarto maior produtor agrícola, de forma geral, tendo a liderança na produção e exportação de ativos como suco de laranja, açúcar, café, carne e soja.

Gargalos do agronegócio brasileiro: desafios ou oportunidades?

Ao observarmos a realidade do agronegócio brasileiro, nos deparamos com um cenário desafiador, principalmente no que se refere a tecnologia e inovação.

  • 44% das propriedades rurais brasileiras não usam tratores;
  • 80% não usam semeadeiras;
  • 90% não usam colheitadeiras;
  • 84% não usam adubadoras;
  • 58% não fazem adubação;
  • 65% não usam defensivos;
  • 85% não obteve nenhum tipo de financiamento;
  • Apenas 2% das propriedades respondem por 71% do valor bruto da produção do agronegócio nacional.

Tal cenário, representa um desafio, mas também uma grande oportunidade. Podemos aumentar a produtividade brasileira, levando tecnologia e inovação ao pequeno produtor e, com isso, aumentar a rentabilidade, sem precisar de desmatamento e expansão territorial.

E é justamente nesse campo que a Agrotools se destaca, conectando territórios e negócios, através da implementação de tecnologia e inovação no gerenciamento do seu negócio. Através de nosso marketplace, você poderá encontrar soluções que envolvem dados como: análise socioambiental, estimativa de produtividade, produtividade histórica da safra, dentre outras opções, seja você uma grande, média ou pequena empresa.

A expansão do cooperativismo pelo país ajudando a levar tecnologia e assistência técnica ao pequeno produtor também é fundamental para o aumento dessa produtividade, assim como a expansão de setores de inovação como a agricultura urbana e da maricultura (agricultura nos mares), principalmente em um país com mais de 8 mil quilômetros de costa oceânica.

As mudanças climáticas e o agronegócio: tecnologia e inovação

Ao longo dos anos, em jornais, escolas, faculdades e em nosso dia a dia, fala-se cada vez mais em aquecimento global. Mas o que é esse fenômeno? Quais são as suas consequências? Como ele pode impactar o seu negócio?

O aquecimento global é o aumento progressivo das temperaturas médias dos oceanos e atmosferas terrestres por todo o globo. Ele é causado pelo efeito estufa, quando a concentração de gases estufa na atmosfera permite a passagem de raios solares e a absorção de calor. Apesar de o efeito estufa ser um fenômeno natural, ao longo dos anos, em especial, desde a Revolução Industrial, a emissão de gases estufa decorrentes da ação humana vem crescendo vertiginosamente, aumentando a temperatura terrestre e gerando o fenômeno conhecido como aquecimento global.

E segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) cada vez mais está comprovada a ação da “mão humana” na mudança da temperatura terrestre. E, hoje, já é possível provar em dados as consequências desse aquecimento:

  • A concentração de dióxido de carbono (CO²) na atmosfera bateu recorde em maio de 2021, com 419ppm (partes por milhão). Essa concentração segue crescente, mesmo com os protocolos e acordos mundiais pelo meio-ambiente que ocorreram ao longo das últimas décadas.
  • Aumento de eventos extremos (como furacões e tsunamis), que saltaram de 700 nas décadas de 1971 a 1980 para 3400 na década de 2001 a 2010.

As mudanças climáticas geram prejuízos econômicos, em especial quanto ao uso da terra (que podem se tornar inférteis), ambientais, com a extinção de espécies, e sociais, causando o surgimento de “refugiados climáticos”, pessoas que são obrigadas a se mudar em razão de condições climáticas adversas, e de um maior número de pessoas em situação de insegurança alimentar, em razão da queda da produção agrícola, decorrente das mudanças climáticas.

De todo o montante de emissões anuais de CO², 75% advém de indústria, transporte e energia e 25% de uso da terra (desmatamento e agropecuária). Cabe a todos nós, mudarmos nossos hábitos pessoais e empresarias para o futuro da nossa e das próximas gerações.

Se você quer expandir o seu agronegócio você precisa estar atento à essas demandas da pauta agroambiental. Mas em vez de gastar horas da sua equipe em análises custosas, lentas e dispostas a erros, e ainda ter dificuldade de comprovar o compliance, invista em uma solução digital que te mostra o que você precisa saber em um clique. Para isso, a Agrotools preparou a solução digital Safe, digitalizando o monitoramento socioambiental de fazendas e produtores rurais, tornando possível para sua empresa identificar fornecedores que operam em compliance com as principais regulamentações nacionais e internacionais e com a agenda ESG, conceito que vamos aprofundar mais a frente neste texto.

Medidas que visam cessar o aumento do aquecimento global

Para alcançar a mete de limitar o aumento da temperatura terrestre a apenas 1,5°C até 2100, algumas macro trends (macrotendências) são necessárias, como:

  • Aumentar radicalmente a eficiência energética e de materiais (o mundo terá que produzir até 2040 o dobro da energia que produz hoje).
  • Eletrificar o mundo com energia renovável (20% da energia consumida no mundo é elétrica e mais fácil de ser sustentável).
  • Parar o desmatamento e reflorestar.

Aplicar agricultura regenerativa.

  • Massificar tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
  • Inovação disruptiva dos setores de mineração e concreto, responsáveis por grandes emissões de dióxido de carbono (CO²).

Riscos para os negócios – que áreas da economia podem ser afetadas pelo aquecimento global

O aumento da temperatura terrestre e as novas tendências econômicas para seu impedimento, geram riscos para os negócios. Muitas atividades sofrerão com as mudanças no clima como:

  • Produção agrícola
  • Pesca e produção marinha
  • Turismo
  • Infraestrutura (transporte, água e eletricidade)
  • Construção civil em zonas costeiras;
  • Seguros

Outras atividades podem, simplesmente, se tornar obsoletas como:

  • Veículos a combustão
  • Produção tradicional de proteína animal
  • Produção baseada em desmatamento e degradação ambiental

Oportunidades no horizonte agroambiental

Da mesma forma que as mudanças climáticas afetam negócios de forma negativa, elas também podem ser oportunidades de crescimento. Há inúmeras oportunidades para negócios, fora e dentro do agro, que atendem as demandas e necessidades da sociedade, ao mesmo tempo que contribuem para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas, como:

  • Smart Grid (redes elétricas inteligentes que buscam dar segurança e sustentabilidade ao fornecimento de energia)
  • Armazenamento e transmissão de eletricidade
  • Mineração de compostos para baterias
  • Proteína vegetal / novos alimentos
  • Irrigação de alta eficiência
  • Eficiência energética

E o Brasil? Quais as oportunidades que esse novo cenário nos traz? 

Países como o Brasil, que possuem uma matriz energética mais limpa que a média mundial, onde grande parte do agronegócio ainda é de pequeno porte e pouco mecanizada e já desenvolve modelos de agricultura de baixo carbono, a nova economia que emerge com as mudanças climáticas é, também, um mar de oportunidades de negócios. Algumas atitudes que podem ser tomadas com esse objetivo são:

  • Zerar o desmatamento.
  • Promover práticas de agricultura de baixo carbono.
  • Eletrificação do transporte com transição flex e utilização de biocombustíveis.
  • Substituir matrizes energéticas petroquímicas para biomassa.
  • Zerar ou reduzir fontes fósseis na produção de energia.
  • Usar potencial hidroelétrico e/ou de energia limpa;
  • Promover a interligação com o grid continental;

De olho no mercado: transformações e disrupções

Todos os anos são negociados cerca de 280 bilhões de dólares em produtos oriundos da floresta tropical e o Brasil, que possui a maior floresta tropical do mundo (a Floresta Amazônica), participa de apenas 0,2% desse mercado. A bioeconomia abre um leque de possibilidades muito amplo: a indústria de celulose, antes “condenada ao fracasso” por estar ligada a produção de papel (cujo consumo diminuiu com a digitalização dos processos), hoje aparece como possibilidade tecnológica para a substituição do plástico e da fibra têxtil; caroços de frutas como o açaí são opções para substituição na produção de compensados de madeiras, resinas plásticas, dentre outras possibilidades.

 

Nova call to action

ESG

Conjunto de valores medidos e checados por métricas nacionais e internacionais de integridade.

A métrica ESG, sigla em inglês que significa Environmental, Social and Governance, se refere a questões ambientais, sociais e de governança. Abaixo, resumimos o que significa cada letra dentro dessa sigla.

E – Environmental / Ambiental

Refere-se às questões ambientais como: poluição do ar e da água; emissão de gases estufa; desmatamento; pegada de carbono, etc.

S – Social / Social

É relativo a questões sociais como: diversidade da equipe; engajamento dos funcionários; impacto social da sua empresa em determinada região; satisfação dos clientes; relações trabalhistas com os colaboradores, etc.

G – Governance / Governança

Refere-se às questões de governança de seu negócio como: conduta corporativa; transparência, relação com entidades do governo; composição do conselho da empresa, etc.

Para assegurar o monitoramento dos princípios ESG do campo ao varejo, a Agrotools preparou a solução digital Brand. Com ela você terá uma um serviço que permite o monitoramento de riscos socioambientais, com processos embargados, garantindo a blindagem reputacional e valorização da sua marca.

Com a solução digital Brand, é possível monitorar os processos da cadeia de suprimentos, do campo ao varejo e, com isso mitigar todos os riscos reputacionais que podem ocorrer durante a gestão e operação de compras blindando sua marca.

Com o Brand você mitiga riscos de forma completa, dinâmica e digital, confira:

Ambiental – Analise e acompanhe todo o desempenho de seus fornecedores nas operações do campo.

Social – Saiba como seu fornecedor gerencia relacionamentos com diferentes públicos nas geografias onde atua (colaboradores, fornecedores, clientes e comunidades).

Governança – E entenda se seus fornecedores estão em constante compliance socioambiental desde as esferas de liderança da empresa, até suas políticas ambientais de controle.

Construa um posicionamento de marca seguro, com potencial de ganho de valor de mercado, engajada em políticas sustentáveis internas e externas. Defina e padronize processos mais rígidos de controle e de conformidade com a agenda ESG, transforme sua organização em uma referência no mercado. Identifique oportunidades estratégicas, além de aumentar a capacidade de resposta da companhia frente aos desafios socioeconômicos e ambientais mundiais. Não perca a oportunidade de conheça agora nossa solução digital Brand para o ESG de sua empresa.

Megatendências que afetarão o agronegócio global

Para a melhor decisão do seu negócio, a observação de megatendências internacionais é fundamental. Dentre elas, as que mais impactarão o agronegócio são:

  • Renda e crescimento demográfico: quase 10 bilhões de pessoas em 2050, com aumento da renda per capita e da urbanização.
  • Novidades tecnológicas: a inovação tecnológica pode aumentar a produtividade em 30%, melhorar a eficiência ecológica e criar novos modelos de negócio.
  • Desperdício de alimentos: um terço da comida do mundo está sendo desperdiçada (aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas por ano).
  • Padrões de consumo e tendências emergentes: o aumento da renda per capita e da urbanização gerarão um consumo alimentar maior e diferente/disruptivo (produtos vegetais, não derivados de origem animal).
  • Mudanças climáticas: O agronegócio é responsável por um quarto das emissões de gases estufa e, como consequência delas, como já falamos antes, mais pessoas ficarão em insegurança alimentar, aumentando as taxas de subnutrição.
  • Competição por recursos naturais: estes se tornarão cada vez mais escassos até 2050 e, nessa mesma época, 70% de todo uso da água será para a agricultura.
  • Necessidade de maiores acordos multilaterais e internacionais, apoio a políticas agrícolas e ambientais.

China e sua importância para o agronegócio nacional

Não há como falar de agronegócio e não citar a China. Só para se ter uma ideia, no primeiro semestre de 2021, 40% de nossas exportações foram para o país asiático. Outros dados que podemos destacar são:

  • As exportações brasileiras para a China foram superiores em US$ 5 bilhões à soma da receita originada com vendas externas para os Estados Unidos, América Latina, Caribe, Europa, África e Oriente Médio.
  • A exportação de soja para a China correspondeu a 28,6% do total embarcado pelo agronegócio brasileiro para o mundo.
  • A embaixada da China no Brasil, destacou que a nação asiática pretende dobrar a demanda por produtos agrícolas até 2050. Até 2027, a importação chinesa de carne bovina vai chegar a 8 milhões de toneladas. Atualmente, cerca de 30% das importações do país são de origem brasileira.
  • Na China a preservação do meio ambiente é uma causa nacional. Não é algo para o indivíduo resolver, mas uma norma para o cidadão obedecer.
  • Milennials na China olham a sustentabilidade como um valor, com índices superiores aos milennials ingleses.
  • A Ásia representará 60% classe média mundial em 2030. Estamos preparados?

Comércio internacional e a imagem agroambiental do Brasil

Quando vamos comprar um produto, como decidimos qual produto iremos levar? Certamente aquele que temos uma melhor imagem. O mesmo ocorre com países, impactando na imagem destes as repercussões sobre questões políticas, sociais e ambientais. Notícias como queimadas na Amazônia, desmatamento e recorde de mortes por COVID-19 prejudicaram a imagem do Brasil internacionalmente, prejudicando suas empresas e seus produtos.

iVGR – índice de Valor, Gestão e Relacionamento

O iVGR é um índice que afere a imagem pública de organizações, instituições e pessoas projetada pela imprensa. Nesta sigla, cada letra significa o seguinte:

V (Valor) – atributos de natureza ética e moral, diz respeito à responsabilidade com o outro.

G (Gestão) – indica a qualidade das entregas, os resultados.

R (Relacionamento) – Tem a ver com liderança, comunicação, habilidade de juntar e de mitigar conflitos.

Esse índice varia entre -5 a +5 e o índice atual do Brasil é -3,38 estando entre as categorias “Zona de crise que exige ações emergenciais” e “Zona de crise que exige resgate com ações de terceiros”. O que significa que somente com parcerias e acordos internacionais, o Brasil poderia sair da crise.

O que o mundo espera de você? Olhando para o futuro do agronegócio brasileiro

  • Quanto mais sofisticada for a abrangência do conhecimento de uma pessoa, melhor empresário, melhor executivo, melhor funcionário, melhor político ela será.
  • A percepção global de mundo não vem da especialização, mas do olhar abrangente, do entendimento da complexidade, da ação coletiva.
  • Neste contexto, dados valem ouro e a Agrotools, com uma imensa base de dados e com um conhecimento profundo do agro brasileiro, vem para oferecer soluções para tomadas de decisões melhores e mais rápidas, conectando territórios e negócios.
  • Atualmente a Agrotools monitora mais de 200 milhões de hectares, incluindo mais de 60% do abate bovino brasileiro. São mais de 200 mil análises diárias advindas de um banco de dados com mais de 150 terabytes, que são entregues para 12 das maiores tradings do planeta.
  • Empresas gigantes no planeta já trabalham com soluções Agrotools como: McDonald´s, Walmart, brf e Itaú.

Não deixe de explorar o nosso marketplace, onde você poderá encontrar soluções que envolvem dados como: análise socioambiental, estimativa de penalização da produtividade, produtividade histórica da safra, dentre outras opções, seja você uma grande, média ou pequena empresa.

Só conseguiremos atingir todo o nosso potencial agroambiental, olhando o todo: fazendo uma análise do agro atual; entendendo a atuação de atores externos (China e imagem do Brasil); sabendo que as mudanças climáticas afetarão os nossos negócios e que cabe à nossa sociedade fazer parte desta mudança e aproveitar as oportunidades deste novo cenário agroambiental.

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